quinta-feira, 29 de junho de 2017

What do we do with our lives while death does not come?



This image is for illustration purpose only

The last kiss

- Honey, Where are you? I'm going to work, I want my kiss. She announced to the living room door already ajar.

- Now? I have yogurt all over my mouth and you are already late for an important meeting today. You can’t miss your flight. He shouted from the kitchen’s table entertained by the morning news.

- Okay. See you later!

- I love you. Oh, do you have your keys?

The door was shut mid sentence. And yes, she didn´t take the keys and he didn´t take the opportunity of a kiss.

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At some point we are so busy, that we start forgetting names, birthdays, postponing that romantic trip to the mountains or to visit grandma who is already past her due time in this world; we are leaving for later that major clean up in our closet, the one to get rid of the pieces that we never use; the phonecall to mom, who has been waiting forever just to hear the sound of our voice. And when we finally got a break in the schedule, we are distracted by the morning News and the yogurt.

If i can properly recall, there was in childhood a drawer with clothing exclusively to walk in the park on the weekends. It was almost a crime to use a Sunday outfit on Monday and the penalty was heavy: two days without watching your favorite cartoon. These were our parents training us to think that tomorrow is more important than now. Then, with the pimples came the fancy-expensive colognes used only on important occasions, and when the beard filled my whole face came that big speech to buy your own house (save up each cent just to have a place where you can drop dead).

Most of the time things do not go as we expect, and we could be much happier than we are if we detach ourselves from these formulas tested and approved by the department of people who were born with everything. There will always be a lame excuse to live tomorrow: dream of a new incredible project, lose five pounds next week, start another MBA, buy a second home, do another tour around the world, open another company. What we do with our lives while death does not come?

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On that day, the husband dodged a simple kiss with the excuse that she would be late, that his mouth was dirty (as if he had to move the world to use a napkin) because the news was spitting a bombastic revelation and he could not miss for anything, because he had the illusory certainty that later his wife would be back with a splendid novelty: the meeting of the work would have been a success. The long - awaited apartment in Soho would finally get off the ground. That would open Cabernet Sauvignon bought on a trip to France and was already giving web spiders. And then, make love until the sunset.

That day never came. 

The wine bottle was never opened.

And the Soho’s apartment turned into dust when her husband received a call to recognize the body. On the other side of the telephone, a voice, almost mechanical, from a person who is used to giving the news every fifteen minutes. And on this side of listening, a repentance that shatters and transforms us into pieces.

'- Honey, Where Are You? I'm going to work, I want my kiss. '

A regret that ill. The guilt of not having touched her lips, fouled the fuc*ing Sunday shirt. The inside question that might have made that little gesture of love would have prevented the accident. Or not, who knows?

'- Now I have my mouth full of yogurt and you have that important meeting today, remember? You can’t miss your flight. '

Since the 'I love you' became the new ‘good morning’ we have been putting feelings in airplane mode. It is missing connection, truth, more eye to eye, more desire to be together, unmade beds, more obscenities whispered in ears, weekends with popcorn thrown on the living room carpet... because we never know when will be the last day, the last kiss, the last 'Baby, I'm coming home'.

- I love you. Oh, do you have your keys?'

We need to have more creativity to love in a studio apartment without getting that pathetic torture by the need of living in a penthouse. Understand that no matter if we feed, clothe and give the best to our children, what counts in the end is to put them in our lap and say how much we love them - this is the real food for the soul and certainly the no need of a anti depressive prescription in the future.

But the husband woke up in time. He ran, screaming his lungs, and reached the happiness on the elevator:

- Sweetheart, here's your key, I love you so much. You make me the happiest man in the world, did you know that? If the meeting doesn’t go as expected it’s ok, we’ll be fine. I will always be waiting for you to come back because your smile is my oxygen.

She smiled with her eyes, unable to express such joy. She touched his mouth wiping the yogurt off his face and said goodbye with a kiss of those Hollywood movies.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Amor & outras drogas



Tem um filme de chorar super fofo com esse título "Amor & outras drogas" e, apesar da trama abordar sobre amor e medicamentos, o assunto que vou tratar está bem longe de ser algo estrelado pela queridinha Anne Hathaway. A parada aqui também faz chorar sim ..., mas é trash, já vou logo avisando.

O roteiro é patético: uma pessoa surge na sua vida como um furacão, bagunçando tudo; lhe fazendo provar cheiros e sensações nunca antes sentidas, proporcionando noites incríveis, lhe deixando meio atordoado, perdendo o foco, a fome, o sono. E, de repente, você se pega pensando nela o tempo todo, uma paixão obsessiva que te consome e tira a sua paz de espírito. E quando a pessoa desaparece, desliga o celular, ou faz alguma mudança de planos, você sente uma abstinência similar à de um usuário de drogas. A partir de então, a sua saúde mental está nas mãos de outra pessoa.

Um viciado sempre acha que está no controle de tudo, que vai poder parar quando decidir, sempre acredita que insistir naquilo não lhe fará tanto mal. Na cabeça dele as pessoas é que estão falando demais, dando conselhos errados, se intrometendo onde não devem. Age por impulso o tempo todo, colocando vírgulas, onde deveria ter um ponto final,. E quando se dá conta, está completamente fragilizado, com a autoestima doente, se expondo em situações de risco física e emocionalmente. Às vezes a pessoa que a gente tem uma queda acaba nos derrubando...

...Pessoas que enrolam, visualizam e não respondem, que soltam um “hoje não posso” quando era para dizer “claro, vamos sim”; pessoas que vivem na ilusão de que são os gostosões do pedaço e se alimentam da vaidade de serem cortejados, de ter sempre alguém se rastejando aos seus pés quando na verdade estão tentando driblar a rejeição que provaram no passado, aquele medo escondido a sete chaves de voltar a ser o indivíduo menos interessante do universo. E, hoje, com uma pequena dose de melhora no visual ficam testando o poder de sedução só para provocar uma reação nas pessoas, vivem aprisionados na triste ilusão de que serão jovens e/ou sarados para sempre, pessoas viciadas na própria imagem.

... Pessoas que só aparecem na hora do “vamos ver”: a droga do sexo. Sexo é uma droga mesmo, vicia. E o maior perigo é quando acreditamos que química e amor andam de mãos dadas. Mentira! A gente insiste em ficar dando ibope para quem não merece só porque o sexo é fascinante, mas e daí? Parceiro bom de cama a gente arranja em qualquer lugar e, na maioria das vezes, não tem nenhuma relação com beleza. Do mais lindo ao mais feinho, estão todos provando uma amostra grátis da desilusão amorosa. Há, inclusive, uma galerinha que fará questão de te manter em banho-maria, se esquivando de compromissos sérios, te iludindo com palavras no pé do ouvido e, todavia, o que eles querem, de fato, é lhe ter disponível, porque são pessoas viciadas em sexo.

... Pessoas sufocantes, que trazem a insegurança a tiracolo, que transformam a vida do parceiro num filme de terror com direito a gritos, faca e um psicopata. Estão sempre desconfiados, monitorando cada passo, inspecionando bolsos, vigiando olhares, limitando espaços e amizades, vistoriando celulares, restringindo acessos nas redes sociais, fiscalizando sentimentos, supervisionando orgasmos e acreditando que estão no comando, que o sorriso formal na foto do Instagram é o suficiente para manter o relacionamento intacto. Esses indivíduos nunca estão preparados para o fim, não conseguem administrar a ideia de que quando alguém decide sair da nossa vida, não há nada que possamos fazer, não conseguem enxergar além porque são pessoas viciadas em atenção.

Nenhum desses comportamentos tem qualquer relação com amor. Vaidade, sexo e carência são apenas algumas das drogas que invadem a nossa vida e nos arruínam de pouco em pouco. Amor não vicia, não nos faz sentir uma abstinência emocional. A gente consegue ficar em paz quando o celular da pessoa está fora de área, a gente não perde o equilíbrio quando alguém acha o outro mais bonito (rola até um certo orgulho), amor não se baseia numa overdose de cama, não tem demarcação de território, há uma liberdade que flui sem medo, sem desconfiança. Amor é quando mesmo depois de muito tempo você sente falta da pessoa e não só do corpo, é quando você fica de pernas bambas ao escutar o timbre da voz, fica feliz mesmo que não haja motivos - senão o fato de estarem juntos.


Bruno de Abreu Rangel

13 razões para desistir das bees "sem noção"



O Ministério do humor adverte: esse é um texto com altas doses de sarcasmo. Tirem as crianças da sala e qualquer semelhança não é mera coincidência - é intencional “meixmo” (deboche com sotaque carioca). Acontece comigo, acontece com você.
 
Abaixo, segue um pequeno repertório de características e atitudes das bees que são capazes de tudo só para saírem bem na fita e, no final das contas, acabam cag*ndo na própria cabeça. Não há nada de suspense nessa trama: elas se arruínam e a gente só assiste. 
 
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1 - Amor à primeira pista: paixão de balada é a maior furada. Ponto. Na Terra do Nunca muita gente leva a sério a felicidade do comprimidinho colorido. Então você atravessa o portal, se conecta com uma pessoa, tem momentos incríveis que duram pouco mais de duas horas (sendo bastante otimista) até que ela resolve mandar um “vou ali no banheiro e já volto”. FIM.
 
2 - Bees religiosamente intriguentas: a pessoa bebe até cair e fala mal do maconheiro; o maconheiro fuma até esquecer o nome da mãe e fala de quem cheira; o cheirador quase bate as botas de tanto entupir o nariz de farinha e fala mal do evangélico; que fala mal de quem bebe. Estão todos enxugando gelo. Papai do céu vai ficar muito feliz quando cada um cuidar da própria vida.
 
3 - É veneno para bombar o corpo, veneno para curtir a onda na night, veneno para deixar o negócio de pé por horas, veneno para pregar os olhos e dormir. As pessoas estão envenenadas e no supermercado passam horas lendo rótulos para evitar gorduras Trans.
 
4 – A pessoa brotou do nada, ganhou um pouquinho de dinheiro, foi para a Zona Sul, deu um tapinha no visual, fez um ciclo de esteroides extraordinário, faz crossfit todos os dias, comida orgânica e ainda assim não é nota dez: 7,5. Pra piorar, essa criatura tem a audácia de sair discriminando e rotulando indivíduos que frequentam o mesmo espaço que ela. Se acha superior, só dá vexame, coleciona episódios de gafes pavorosas e fala aos berros: educação praticamente suíça, nota 0.
 
5 - Acabou aquele alvoroço de gringo dando apartamento, ator global distribuindo carro a torto e a direito. Quem deu o golpe já deu, quem ainda não conseguiu segue acreditando que foto sem roupa no Instagram será suficiente para ser modelo da empresa MODELO e poder atrair grandes investimentos.
 
6 – Ilusão de ótica: fila, empurra-empurra, ser tratado como gado, e ainda acreditar que é VIP na buatchy.
 
7 - As pessoas te amam até não precisarem mais de você. Até aí tudo bem, não há nada de novo, mas fazer macumba on line, arquitetar vingancinhas medíocres, promover fofocas de boteco... é sinal de que a palavra gratidão anda com cheiro de mofo.
 
8- Indireta em rede social é uma das atitudes mais grotescas e covardes, vem das cavernas. A pessoa acha que está causando e está apenas expondo, ainda mais, a sua fragilidade. Que tal procurar o coleguinha inbox e dizer diretamente que você morre de inveja dele, que ele te incomoda e que você não consegue ser feliz por conta própria? De repente ele poderá ser útil. Estejamos cientes de que, na maioria das vezes, o alvo das indiretas nunca lê a mensagem e tudo o que nos resta é um mal-estar entre pessoas do nosso convívio que não têm nada a ver com a história.
 
9 - Beleza não abre apenas portas, mas pernas. Esse “pica das galáxias” é tão sem noção que sai por aí vomitando um monte de asneiras contando vantagens quando na verdade todas as conquistas que ele obteve estão relacionadas ao sexo e, como se não bastasse, ainda tem a ousadia de julgar os garotos de programa.
 
10 – A gata garota tem um corpinho sarado e acha que não precisa saber quanto é 7X8? Precisa sim e precisa também aprender a escrever em português para que todos possam entender o seu barraco no Facebook. Está se queimando e, até onde sabemos, até queimadura tem segundo grau.
 
11 -  A bee vai morar no exterior e fica se achando o último biscoito do pacote quando na realidade tem que aguentar gringo enfiando chave de fenda no pinto, colocando fio no traseiro para levar choque, aturando um sexo pra lá de bizarro; tendo que pagar um preço altíssimo só para poder voltar ao Brasil e usar uns óculos PRADA na praia de Ipanema, e não é que o diabo veste PRADA? That’s all.

12 - Um minuto de silêncio em prol das bees que Julgam o relacionamento alheio para compensar o fato de estarem sempre solteiras e sozinhas, por livre espontânea vontade – dos outros.
 
13 - Todo mundo sente atração pelo perigo, mas desde que o perigo não exista: ‘Amigo, a colocação ainda não bateu, será que tomo mais uma dose?’ Dependendo da quantidade de drogas que a pessoa ingere ela pode se sentir num paraíso gozando da felicidade plena, O-U, pode partir dessa para uma pior ...
 
‘...chegando no céu a bee diz: puxa, mas ninguém me avisou. 
Avisou sim, pode descer. ‘
 
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Érico Veríssimo já nos deu essa dica memorável: “Em alguns momentos o que salva nem é o amor, é o humor”, portanto, mensagens grosseiras com perfis fakes/ anônimos podem ser enviadas para:
 
Bruno de Abreu Rangel

Insta, Insta meu, existe alguém com mais likes do que eu?



Li numa dessas revistas que pegam poeira em consultório médico, que nós passamos por mais de 300 aprovações por minuto quando encontramos alguém pela primeira vez na vida. Nossos corpos já começam a se comunicar antes mesmo de travarmos um diálogo. Em milésimos de segundos nós passamos uma espécie de raio X na pessoa e damos início à uma série de análises que vão desde o corte do cabelo até à forma de piscar os olhos. (Isso inclui trejeitos, timbre da voz, porte físico), muita coisa que dá para disfarçar com um filtro desses aplicativos que transformam pessoas comuns em “celebridades de capa de revista”. Resultado: trocentas milhões de curtidas e ao vivo... aquela decepção: 

‘Você é o Zezinhofficial? ’.
 
 A nossa atividade cerebral, a certa altura, já se concentrou especificamente na parte visual e projetou algumas ilusões que na hora “H” jogam as nossas expectativas do vigésimo andar. Isso acontece porque a gente só enxerga o que quer. Existem táticas para conseguir o maior número de seguidores e incessantes curtidas, o difícil é manter esse estrelato Xing Ling na vida real, principalmente quando a fama está ligada ao corpo. Dois minutos de conversa com a pessoa e você quer sumir do centro da Terra. O que não falta nesse mundinho de egos são perfis em que você peneira e.… zero conteúdo.
 
Quem frequenta academia sabe bem sobre os neuróticos que não conseguem desgrudar os olhos do espelho, os fanáticos que ficam admirando a própria beleza se achando cada vez mais irresistíveis e os desiquilibrados que nunca se satisfazem com a própria imagem, malham por horas a fio e saem com a sensação de que o corpo não está no lugar: ‘Preciso ganhar mais massa muscular’.
 
Algumas pessoas, inevitavelmente, são mais vaidosas do que outras, mas quando a gente ultrapassa a linha do bom senso e não consegue mais disfarçar – é sinal de que há um problema. É saudável querer registrar momentos, lugares, pessoas, comidas, fazer uma série de fotos exibicionistas, cada um é livre para fazer o que quiser. O que é importante levar em consideração é se a gente está deixando de viver a própria vida para se escravizar num mundo virtual, dando poder às pessoas de julgarem se somos, ou não, interessantes.
 
Muitos estão tendo suas vidas roubadas pela fissura dos likes. Pessoas sérias e compenetradas que caíram no conto do ‘Você é lindo’ e, da noite para o dia, se tornaram modelos fictícios, perderam a própria inteligência emocional. E aí é aquela obsessão, o indivíduo vai fazer um café, por exemplo, e transforma esse ato tão singelo num evento que pode render mais fotos que o ensaio das top models de verdade.
 
Já começaram, inclusive, os petit-comitès (as festinhas fechadas), onde só entram pessoas com um número K de seguidores, bem no estilo Black Mirror. Só que nessa selva de narcisismo existe uma concorrência disfarçada de amizade; gente que sorri, curti, deixa comentários fofos e na vida real faz muito bem o papel da rainha invejosa que oferece sutilmente uma maça envenenada, uma bruxa com uma índole bem competitiva, que se alimenta de elogios, que passa horas em frente ao espelho tentando encontrar soluções para bombar na rede, ser a maior estrela, ter o maior número de curtidas e, finalmente, poder receber a atenção que foi negada em algum momento. E qual a finalidade disso tudo? Quem somos nós nesse vasto universo?

A vida é muito dinâmica, amanhã vamos deixar esse mundo e tudo vai continuar intacto. Certamente, algumas pessoas (bem poucas) irão sofrer com a nossa ausência, haverá um falatório que não vai além da missa de sétimo dia, postagens de fotos com a legenda “Hoje o céu está em festa”, mas também, comentários maldosos de alguns covardes que vão especular a causa da morte sem ter o menor respeito pela nossa existência. E, quando os olhos se fecharem: caixão, tendo você 5, ou 5 milhões de seguidores. No fim do jogo, o rei e o peão voltam para a mesma caixa, já dizia o provérbio italiano.
 
Ninguém é tão fascinante quanto pensa ser. Sempre haverá alguém mais com mais likes do que a gente e isso não quer dizer absolutamente nada. Devemos ficar atentos para não deixar números virtuais subirem à nossa cabeça. É preciso ter consciência de que esse grande teatro é passageiro (os famosos do Orkut já foram enterrados). Amanhã o tio Zuckerberg, pai do Facebook e Instagram, acorda de ovo virado, encasqueta de lançar outro aplicativo e lá vamos nós começar do zero, perder mais tempo da nossa vida que é curta. Somos apenas um grão de areia nesse labirinto de espelhos e cada um tem o poder de escolher entre viver pela imagem, ou encarar o reflexo e aceitar que somos perfeitos dentro das nossas imperfeições: é a única saída.
 
Bruno de Abreu Rangel

O amor e as escolhas certas



Você sai para comprar uma calça jeans, tem consciência de que precisa muito e não há como adiar porque já deixou de ser supérfluo - é uma necessidade. Só que no caminho você se depara com um sapato lindo e fica do outro lado da vitrine namorando: é o modelo da moda, ficaria bem em você; já se vê postando fotos, usando aquela peça incrível numa festa badalada, no casamento da amiga, pensa até no seu casamento.  Aí você insiste e esquece completamente da calça jeans e opta pelo sapato: ‘Sim, vou ficar’.
 
Escolha errada.

A culpa é do sapato? Não, o sapato é perfeito, mas naquele momento ele não serve para você.
 
Quantas dores, decepções, quantos pés na bunda precisaremos levar para entender que estamos fazendo as escolhas erradas?
 
Namoro serve para isso. É a oportunidade para testarmos as paixões, provar os lances de pele, conhecermos alguém na íntegra (porque na vitrine todo mundo parece ser fabuloso). A gente precisa se compreender, ouvir o que o coração quer de fato, pois cada um sabe das próprias necessidades emocionais. Tudo bem, não dá para sair criando rótulos, mas relacionamentos seguem ladeira abaixo porque gastamos munição empurrando algumas incertezas com a barriga: ‘ele vai mudar’. E a gente fica como um pateta esperando que uma uma macieira dê laranjas.
 
Você é monogâmico, ele gosta de salada de frutas. Escolha errada.
Você é ativo, ele é ativo. Não vai funcionar.
Você é versátil, ele é passivo. Vai ser legal... até a página dois.
Você é ativo/versátil, ele é passivo/versátil (ou, infinitas possibilidades compatíveis). Péeeeeeeeeee. Bingo!
 
Agora que passou da fase cama, tem que ver se também serve para mesa e banho, ou vice-versa, porque, acreditem - um abismo emocional destrói qualquer possibilidade de uma vida a dois.
 
Se você é caseiro e o pretendente faz questão de ir pra night bater cabeça t-o-d-o fim de semana algo diz que você terá uma pedra no sapato. O cara que preenche a vida com boates e música barulhenta está errado? O que curte ficar enfurnado entre quatro paredes zerando o Netflix está errado? Ninguém está errado, são estilos de vida opostos, personalidades diferentes, um não serve para o outro. Simples assim. Naturalmente algumas pessoas estão em outra sintonia e não é culpa de ninguém. Persistir no erro, é criar ilusões vendo amor onde mal existe afinidade.
 
E como fazer a escolha certa? Sendo paciente, tendo uma vida própria, ocupando a mente com projetos pessoais, canalizando energias para construir algo em benefício próprio enquanto a gente observa, pondera os prós e os contras, amadurece a ideia evitando sair por aí forçando a barra e se arriscando em relações que não nos servem, evitando aceitar o primeiro que aparece só para se esquivar do status de solteiro. Pode ser que leve meses, ou até anos para encontrar a calça jeans que nos caia bem, mas para que isso aconteça, precisamos abrir mão dos sapatos. Mais do que nossas tendências, o que nos define, na realidade, são as nossas escolhas: cada dia que a gente passa com a pessoa errada é um dia a menos que a gente passa com a pessoa certa.
 
Amor tem que ser orgânico, tem que fluir naturalmente sem que precisemos convocar o exército para resolvermos picuinhas; precisa ser algo que nos traga conforto sem que tenhamos aquela abstinência horrível de ter a pessoa sempre por perto, de entrar em curto circuito quando ela desaparece e ir ao paraíso quando ela resolve dar sinal de vida (no tempo dela). É nossa escolha viver numa montanha russa emocional, ou numa relação onde haja solo firme, similaridades, um “Eu te amo” nos gestos mais simples e um sorriso de orelha a orelha quando alguém te avista chegando de longe. 

 
Bruno de Abreu Rangel