Existe hora certa para terminar um
relacionamento?
Qual a possibilidade de sair da vida de
alguém sem que ambos se machuquem?
Basta
enxergarmos o namoro como uma balança onde exista respeito, equilíbrio,
divisão de pesos, de bons e maus momentos... Assim é a vida de duas pessoas que
se amam e decidem dividir uma existência. Pode ser que momentaneamente haja um certo desconforto, ora estamos por cima, ora por baixo. O nosso parceiro pode deixar
a nossa balança mais leve e num dia qualquer pode ser que ela se torne num peso enorme e exigirá em dobro de nós para que o equilíbrio volte a reinar.
Mas o que
acontece se um dos pesos for retirado da balança?
Todos sabemos
a resposta.
Impreterivelmente sair da vida de alguém causa perda, desiquilíbrio,
e uma das partes sempre sofre mais.
Não é certo
encararmos um fim de namoro como uma guerra onde prevalecem dois pesos – duas
medidas. As pessoas passam juntas por um câncer, vivem meses e até anos de
intensa angústia, enfrentando o desespero de perder, o medo da morte, sofrem
com a dor diária e após vencerem esta dificuldade, terminam um relacionamento “sólido”
porque o jarro de plantas da sala quebrou.
Não é correto
terminar o que quer que seja, por SMS, e-mail, Facebook, via espacial,
cibernética. Vamos deixar essas atitudes para os adolescentes que agem conforme
os hormônios. Romper com alguém não é uma tarefa fácil. Não somos evoluídos ao
ponto de desistirmos de um namoro quando ele está no ápice. Se assim fosse, o
mundo estaria lotado de pessoas bem resolvidas, mas isso não vem ao caso.
A hora certa
de terminar não existe, o fim não é previsível. Colocar na balança é uma boa
saída sempre: os prós e os contras, as alegrias e as tristezas, o sexo e a
traição, o amor e o desafeto, a amizade e a desunião.
A vida a dois
deve ser boa para ambas as partes. Pode ser que não gostemos de algo no nosso
companheiro, talvez ele seja egoísta demais, desorganizado, arrogante, mas se ele
nos acorda com um beijo verdadeiro; leva o café da manhã na cama; demonstra
amor através dos olhos e nos faz sentir vivos, que mal tem tentar, um dia após
o outro? Um momento ruim deve ser compensado por um momento mágico. Um dia de
chuva deve ser trocado por uma tarde de sol. Trocar as pessoas porque elas
causam problemas na nossa mente nem sempre é a melhor solução.
Pode
acontecer de o namoro ir de mal a pior, o sexo ficar menos intenso, a rotina
ficar intragável e nos perdemos em meio à insegurança fazendo com que o brilho
dos olhos se apague, definitivamente...
Como vamos lidar com o fim? Com o início de uma amizade. Com
cumplicidade. Isso nunca falha.
O sexo acaba,
o tesão desaparece, a vontade de acordar ao lado da pessoa se dissolve. Só a
cumplicidade perdura e o amor se transforma. Um ex namorado pode sim se tornar
no nosso melhor amigo. Toda a intimidade que dividimos com alguém é uma parte
de nós que foi concedida à outra pessoa, e porque perder isso? Por esse motivo,
muitas pessoas terminam uma história e se tornam inimigas mortais –
simplesmente porque nunca existiu o companheirismo e a gratidão.
Não adianta
querer sair por cima, magoar o outro, dizer coisas que o farão se sentir o pior
dos seres humanos, porque se a intenção for machucar nossa balança se
desequilibra e tudo que nos restará será peso demais - na nossa consciência. Uma
vez que atiramos uma pedra em alguém, impreterivelmente, a recebemos de volta,
de um jeito ou de outro. Isso se chama ação e reação. As pessoas não são como
Maria de Madalena e nem sempre serão solidárias ao receber maus tratos.
Pedras foram
feitas para construir um castelo, para abrigar uma história de amor e é difícil
pensar que a grande maioria destrói tudo, pedra sobre pedra, porque o orgulho e
a falta de respeito falam mais alto.
Bruno
de Abreu Rangel
brunorangelbrazil@hotmail.com
Texto publicado no blog em Setembro de 2010.