terça-feira, 15 de abril de 2014

Gay of Thrones




Quem manda num relacionamento?

Não é a minha intenção falar sobre a incrível história que se passa em Westeros, na reminiscente Europa medieval com um enredo bem sangrento. Diferente da trama que gira em torno de uma batalha entre sete reinos – nossa guerra aqui é a realidade mesmo, aquela vivenciada no dia a dia de um casal: a briga de egos, a desarmonia pela autoestima, a troca de ofensas gratuitas, os julgamentos sem fundamentos, os joguinhos de manipulação que tornam a nossa vida num verdadeiro campo de batalha – um legítimo Game of Thrones.

Foi num bate papo de Whatsapp que visualizei esse cenário quase que medieval. Um amigo, do lado de lá foi bem claro e determinado com relação ao namorado:

 – Agora que minha autoestima está boa não vou permitir que ele me ponha pra baixo de novo. Ou ele aceita as minhas condições ou termino na hora!

E mais mensagens pipocavam, dessa vez do tal namorado, que também faz parte da minha rede de relacionamentos:

– Ele me põe pra baixo o tempo todo, me faz sentir mal comigo mesmo, sempre que pode tenta me diminuir, sonega um elogio qualquer, cheguei a perder o apetite sexual.

Eu, no meio do fogo cruzado e sem saber o real motivo da discussão, já tinha deduzido uma batalha de egos entre o casal em que um estava ganhando enquanto outro perdia, de forma inversamente proporcional. Quem ficaria com o Trono de Ferro?

#chumbo pros dois.

Não precisa ser psicólogo nem expert em relacionamentos pra entender que certas muralhas são erguidas por nós mesmos. Grande parte dos nossos problemas é a gente que cria. Devemos ter em mente, antes de declarar guerra, que em briga de casal, os dois ficam mais pobres, os dois perdem.

Fui saber com o andar da carruagem que o problema se resumia a autoestima, sempre ela, a destruidora de lares e reinados. Ao invés de conversarem sobre isso, chegar a um acordo, entenderem as suas necessidades e suas frustrações, preferiram se sufocar com as palavras que nunca disseram e decidiram se gladiar, disputar quem chamava mais atenção na rua, quem tinha o maior poder de atração, o corpo mais sarado, mais seguidores nas redes sociais, quem era mais desejado na boate, quem tinha o salário maior... Dá preguiça só de pensar nos joguinhos de manipulação, nas atitudes de autoafirmação, nas grosserias que surgiriam das brechas. E, de competições que pareciam inofensivas, transformaram o relacionamento numa guerra patética erguida por uma torre tão fraca que qualquer invasor seria capaz de invadir os seus reinos e destruir o castelo com um sopro.

É o que acontece quando somos trocados por outro. Ficamos mais preocupados em manter o trono ao invés de fortalecer o reinado.

Quem não almeja um Trono de Ferro em King’s Landing com promessas de segurança, proteção, reconhecimento, sentir-se no controle da situação, mas finquemos nossos pés no chão para não confundirmos autoconfiança com disputa de poderes e assassinar um dos maiores protagonistas da nossa história, porque num jogo de egos tudo é válido. Viver fissurado com a ideia de estar por cima da carne é um perigo, nunca se sabe o que encontramos pela frente.

 Relacionamento é um conto de fadas sem final feliz, com uma rotina que irá se repetir até o final de nossas existências. E é melhor que essa rotina seja agradável, democrática, com revezamento do pódio, pois do contrário, é declarada uma guerra de territórios, com troca de ofensas, justificando erros com crueldade e pagando agressões na mesma moeda. Se você me trair também lhe traio. Se você ficar de papo com qualquer um nas redes sociais farei o mesmo: é olho por olho, dente por dente, e dá-lhe Moisés.

Sequestram o sentimento de empatia (colocar-se no lugar do outro), amarram a gratidão, escondem os bons momentos num calabouço e arrancam o pescoço do personagem principal. Tudo pelo ego ferido, porque voltar atrás pode custar a própria vida, pode custar o Trono de Ferro em King’s Landing.

Há algo de errado com o mundo e não é a fome ou as guerras, mas a disputa de poderes que nos coloca em maus lençóis e trazemos esses maus exemplos pra nossa vida pessoal. Somos todos bons e ruins, o que define nosso estado de espírito é o que colocamos em jogo. O jogo dos Tronos.


Bruno de Abreu Rangel





terça-feira, 8 de abril de 2014

Resposta ao Vilão do Grindr


Porque nós, garotos de Ipanema, escolhemos estar solteiros.

 O artigo publicado sobre o “Vilão do Grindr” criou um fogo cruzado gerando mais polêmica do que aquele boy magia que a gente descobre ser passivo. O tema causou tanto burburinho na comunidade gay que até hoje recebo e-mails dos leitores. Resumindo: um sucesso.

Por esse motivo, não poderia deixar de publicar a réplica, o outro lado da moeda, afinal, os “Garotos de Ipanema” também têm o direito de se defenderem. E eu, numa posição de investigador da natureza humana, sinto-me na obrigação de divulgar um resumo das cartas que recebi e sintetiza o pensamento da “oposição”. Contudo, ainda assim, sigo de forma imparcial: não confundam o mestre com a lição. Peço, de antemão, desculpas aos que vão me odiar ainda mais e aos que irão me bloquear no Facebook nos próximos dias. Vou tentar sobreviver.

Apresento-lhes a resposta dos Garotos de Ipanema

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Hoje em dia, as pessoas se odeiam por pouco. A Internet, de todos os malefícios, criou a pior coisa: um bando de covardes que se esconde atrás de computadores e celulares pra atacar as pessoas de forma anônima. O que o vilão do Grindr fez é uma ofensa, um ato escrupuloso, um estupro:

#nós não merecemos ser estuprados.


Que fique bem claro. O fato de nós, garotos de Ipanema, sermos sarados e termos um estilo de vida diferente do seu não lhe dá o direito de nos julgar e achar que somos obrigados a dormir com você pra provar que somos seres humanos. Isso é uma ignorância tremenda, é o mesmo sentimento de repulsa que as mulheres tiveram quando souberam sobre a pesquisa do IPEA, em que os homens aprovam o fato de elas serem estupradas se usarem roupas curtas. Não invertam os valores.

Preconceito nunca foi novidade. Você mesmo não se aceita e por isso está dando com a cara na porta. Coloque a mão na cabeça e busque na sua memória a última vez que procurou alguém semelhante a você no aplicativo. Já parou pra pensar quantos “foras” poderia distribuir? Certamente, devem existir pessoas que lhe desejam e você nem as percebe porque está gastando energia para estar com quem não lhe dá a mínima.

 O Grindr é um aplicativo democrático e nos permite o direito de escolha. Não precisamos ir pra cama com quem nos desperta zero interesse pra provarmos ao mundo que somos dignos de um pedacinho no céu. Se você ganha mil reais por mês não faz o menor sentido querer jantar no Fasano todos os dias. Se você não malha, porque os sarados têm que lhe desejar? Sabe quanto custa manter um corpo em forma? Tudo tem seu preço. É o mesmo que desejar um apartamento na Vieira Souto sem nunca tirar a bunda da cadeira pra trabalhar. Se quiser mesmo usar a bunda, move your ass e corra atrás do prejuízo, porque no nosso mundo isso se chama inveja, cobiça, que também é um pecado capital.

Somos o que você quer ser e nunca foi por puro comodismo. Temos o corpo que está na sua mente nos momentos mais íntimos, com todas as curvas possíveis que você deseja com toda a sua alma e só tem acesso em filmes pornôs. Saiba que tudo isso é fruto de um investimento físico árduo. Fazer dieta e treinar diariamente exige determinação, disciplina, persistência, características essas que podem ser facilmente transpostas para o dia a dia, resultando em sucesso na carreira e vida pessoal – fato!

O dinheiro que gastamos com esteroides e suplementos importados pra ter um corpo escultural é o mesmo que você gasta com suas prioridades para ser quem você é. E se não tem esse dinheiro a culpa não é nossa. Não nos crucifique pelo sistema de merda que estamos todos inseridos.

Sim, nós temos cultura. Acompanhamos a política do país; lemos livros, jornais e revistas de temas variados, algumas vezes no caminho para o trabalho, outras antes de pegar no sono e o fato de não lermos na sua frente ou enquanto surfamos não quer dizer que todos são acéfalos. Seria o mesmo que dizer que quem não surfa tem uma vida de bosta. Cada um na sua onda, cada um no seu quadrado – e estamos todos quites.

Tomamos açaí – você um Milk Shake do McDonald’s. Acordamos às 6 da manhã pra treinar todos os dias – você estica o sono por mais duas horas. Pegamos praia no Coqueirão – você no Posto “X” ou nem vai pelo receio de se expor. Escutamos Rihanna e Katy Perry – você também. Finalmente uma afinidade. Quem sabe não surge uma relação a partir disso?

Pah! Tapa na cara.

Agora, quem levamos pra cama só diz respeito a nós mesmos. A vida é feita de escolhas o tempo todo. Qualquer um de nós pode tornar-se você amanhã e o contrário também. É uma linha tênue entre ser ou não um Garoto de Ipanema. Escolha o seu estilo de vida e respeite os demais. E se não estiver satisfeito com a própria presença...

#chucapraalma.

Consulte um psicológico e procure cuidar mais do corpo e da mente. Aprenda a aceitar as diferenças e conviva com os seus fantasmas. O mundo real é muito real, algumas vezes chega a ser cruel e só será realmente um lugar digno de se viver quando todos forem bem resolvidos consigo mesmos.

Estamos solteiros pelo mesmo motivo de todas as pessoas.  Não estamos obcecados com a ideia de alma gêmea, casamento, felicidade apostada num anel com direito a mudança de status no Facebook. Ser solteiro nem sempre é dúvida, mas escolha. Alguns simplesmente optam por investir em outras prioridades até que alguém especial apareça e faça o coração ir a mil por hora. Há, sem sombra de dúvidas, uma parcela de pessoas com dificuldades em estabelecer intimidade com outras, mas não dá pra julgar um biscoito pelo pacote. Espane a poeira de sentimentos ruins que não lhe fazem bem porque a vida é curta e quem não se diverte perde a vibe.


‘Se liga, manezão’.
Os garotos de Ipanema

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Aos 45 do segundo tempo, fico pensando com os meus botões que existe realmente um abismo entre sarados e não sarados, entre ricos e pobres, “machos” e afeminados, moradores da Zona Sul e moradores da Zona Norte. Sempre vai haver motivos de guerras para as diferenças. Sábio é aquele que sabe transitar pelo mundo sem sair da sua aldeia, que tem o discernimento pra entender que estamos de passagem na Terra e que nenhum de nós foge das possibilidades de tornar-se num mendigo ou mendigar por companhia. Porque sim, somos todos moradores de rua que vagam perdidos pelo mundo na esperança de encontrar amor, um porto seguro, um lar e o conforto de um abraço. E usamos o Grindr como uma esmola pra alma, um petisco pra solidão, um lanchinho pra passar o tempo ocioso, pra suprir as necessidades do ego e saciar a fome de sexo. Mas fiquemos atentos, pois, embora tenhamos sentimentos e desejos, nesse território estamos todos disfarçados – e de máscaras.


Bruno de Abreu Rangel


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Quem mexeu no meu sangue?



Qual seria a nossa reação ao descobrir, depois de um bom tempo juntos, que a pessoa com quem dividimos uma existência, tem HIV e nunca nos contou? ‘Mexam com o nosso coração, mas nunca com o nosso sangue’.

Já vinha pensando em escrever sobre esse assunto há um tempo, mas não sabia por onde começar. Para a alegria da minha inspiração, um e-mail recebido de um leitor assíduo do meu blog, que preferiu preservar a sua identidade, caiu como uma luva.  Narrou a sua história e pediu que eu a publicasse no intuito de abrir a mente das pessoas que enxergam a AIDS como um estigma ou que, simplesmente não pensam sobre o assunto. Cada um lerá no silêncio da sua alma, assimilará com a consciência e gladiará com seus próprios anjos e demônios. A fragilidade reina quando se tocam em assuntos como rejeição, impunidade e morte: isso é o que nos vem à mente quando falamos sobre HIV. Quem, por mais puritano que seja, não vive a angústia de abrir o resultado de um exame?

Mas antes quero falar sobre um fato que presenciei.

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Certa vez, jogando papo fora com amigos numa mesa de bar, uma ambulante, voluntária de uma Ong da qual não me recordo o nome, chegou sem pedir licença e jogou alguns kits sobre a mesa: um broche; uma camisinha e um folder explicativo com emblemas escritos em letras garrafais: PREVINA-SE CONTRA A AIDS.

Nem precisa dizer que um silêncio fatídico se instalou por uma fração de segundos que pareciam eternos - chegava a incomodar. A sensação que eu tinha era a de que uma arma nos fora apontada na cabeça e ao invés de nos roubar qualquer coisa material, nos tirou a sensação da zona de conforto que, naquela tarde, era celebrada por alguns copos de cerveja. Sim, porque se você tem saúde, emprego, família, um teto pra dormir ou, um romance que seja – bem vindo à zona de conforto que talvez você nem dê tanto valor.

Sem pestanejar todos sacaram os dez reais e pagaram pelo kit alforria que no inconsciente dizia: Não quero que isso aconteça comigo.  Porque a gente, na nossa mediocridade, acredita que alguns problemas nunca vão bater na nossa porta. E ajudamos porque somos bons, solidários, generosos. Mentira! Ajudamos pelo egoísmo, pelo receio de um dia experimentar a dor de uma cama, pelo medo de conviver com a ideia da morte num calendário, por puro receio de que um dia possa acontecer conosco e não haver uma mão que possamos segurar. É o famoso desencargo de consciência. Isso explica porque as campanhas contra câncer, crianças carentes, deficientes físicos estão sempre batendo os recordes em suas arrecadações – por puro medo.

Esse, ainda é sim um tema polêmico que causa tremor nas pernas, cutuca na fraqueza do ser humano e nos faz repensar atitudes guardadas a sete chaves.  Mas já temos a consciência de que a AIDS em 2014 não é mais o fantasma da década de 80 em que era vista por todos como uma “lepra” da Bíblia que punia os gays - passível de todos os julgamentos possíveis. Hoje em dia, dados apontam que os heterossexuais já se tornaram o maior grupo de risco e aquela imagem do Cazuza definhando numa cama também é passado. Vive-se com HIV como um diabético: tomando os remédios e preservando hábitos saudáveis.

Seguiremos com a história do leitor que prefiro intitular como Marcelo.

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Foi através das Redes Sociais que eles se apaixonaram, embora tenham se conhecido mesmo só depois de algum tempo. Hoje as etapas são invertidas e já nos habituamos com isso.  Quando estavam juntos conseguiam experimentar a sensação de se complementarem, exatamente como mostra nos filmes de amor; como cita a sinastria da Astrologia, como acontece com a maioria das pessoas quando escuta um “Eu te amo” que vem da alma – é brilho nos olhos na certa.

O problema da intimidade é que ela acaba embaçando a pintura de uma vida perfeita que criamos na nossa imaginação. E no caso deles a primeira borrada de tinta apareceu quando Marcelo decidiu, por alguma desconfiança, vasculhar a agenda telefônica de seu namorado.

Beirando a imparcialidade, abro um parêntese: (Se você acredita no seu parceiro suficientemente para transar sem proteção, mexer no seu celular seria um ato tremendamente contraditório). Cada um com o seu espaço. Ponto para a camisinha e que venha a confiança.    

O resultado obviamente não foi dos melhores, uma agenda recheada, com uma quantidade infindável de nomes como: Ale Sampa, André Hornet... Beto Scruff, Breno ativão ... C, X, Y, Z.  Ali ele descobriu que tinha se apaixonado por um verdadeiro pegador, cuja vida sexual era bastante agitada. E que atire a primeira pedra quem nunca teve a sua fase.  A gente tem zero influência sobre a opção de vida das pessoas e nenhum poder de mudar o passado de alguém. Quando decidimos apostar num relacionamento o que está em jogo é o ponto de partida. Foi pensando assim que Marcelo deu uma chance à sua relação passando por cima de contatos que, a certa altura, eram apenas números aleatórios, sem o menor significado para ambos.

Numa viagem de férias para a casa de praia dos amigos ele, por uma ordem súbita da sua intuição, decidiu mexer na bolsa de seu amado e encontrou um pequeno malote de alumínio, bastante curioso. Era como se tivesse encontrado a caixa de Pandora e ao abrir se deparou com comprimidos. Seu namorado flagrou o incidente, tomou-lhe o malote com fúria e tentou se esquivar. Após uma série de questionamentos que mais pareciam táticas de tortura, as lágrimas escorriam, o rapaz caiu num choro compulsivo, implorou por um perdão imprevisível e a verdade veio à tona: o pegador com centenas de contatos do celular era soropositivo. Era quase impossível perceber, mal adoecia, tinha uma vida saudável, um corpo tão lindo que colocava muita gente no chinelo. Vale lembrar que o fato de o rapaz ser o “pegador” não determina que o mesmo tenha a doença, sei de casos de pessoas que foram infectadas na primeira relação.

E, a hora certa pra contar e como contar? Isso já foge da minha alçada, apesar de que rende um novo texto.

Juntam-se as peças, monta-se o quebra-cabeça e partem-se corações. Todos os dias lares são surpreendidos com notícias desse tipo. Tudo isso nos faz questionar o comportamento humano em momentos de extrema pressão psicológica. Olhando com um olhar mais crítico e fazendo um retrospecto mental, quantas das pessoas com quem já transamos eram soropositivas? Nem perca seu tempo. Impossível ter acesso a esse tipo de informação.

Não dá pra generalizar e nem pra viver de estatísticas, mas no meio desse caldeirão de relações sexuais, pode apostar, já cruzamos com gente que nunca fez um exame de sangue, com outras que, apesar de soropositivas, se medicam e gozam da saúde plena e, também, com uma pequena fatia que, ao invés de mexer no queijo, vai mexer no nosso sangue - por pura maldade - pela raiva de não aceitar o fato de terem sido infectadas e levarem a ferro e fogo um senso de justiça totalmente corruptível e desumano. Pessoas mal intencionadas estão por toda parte e é bom esclarecer que, nesse caso, ninguém é vítima. Não caiamos nessa cilada. Doar dez reais para uma Ong não é o suficiente para livrar a nossa cara.

Para a felicidade do casal, que não é uma amostra fidedigna de todos os relacionamentos, nada foi alterado em suas vidas, seja com relação ao sangue ou aos planos de viver uma vida a dois. Ambos estão em perfeita saúde e apesar de soro discordantes, entenderam o significado da resiliência, rasgaram o rascunho e reescreveram uma nova história, dessa vez mais realista – amar sem ficar consumido pela ideia do eterno, mas com foco na confiança e no companheirismo.

‘Marcelo, antes de sair para o trabalho, deu um beijo no namorado que ainda estava jogado na cama e sussurrou-lhe nos ouvidos: – Amor, não se esqueça de tomar os remédios às dez horas. E se foi deixando no rapaz aquela sensação de: Obrigado por me fazer feliz. ’

 Isso é amar nos pequenos gestos, isso é condição de entrega.



Bruno de Abreu Rangel