O tamanho importa?
Porque será que damos muita importância para o tamanho das coisas?
Passamos a nossa infância medindo a nossa felicidade pela quantidade de brinquedos que ganhamos no Natal. Vivemos uma adolescência medindo a paciência dos nossos pais e nos tornamos adultos inseguros que medem cada passo antes de qualquer decisão. Será que coisas tão grandes como um transatlântico, um arranha-céu, ou um pênis, tem alguma relação com o tamanho da satisfação de um homem?
Freud, o guru da psicanálise, explica muito bem essa obsessão masculina pelo tamanho e diz, também, que meninos entre 3 a 5 anos desenvolvem um interesse narcisístico pelo próprio pênis. Nós gays somos um tanto quanto narcisistas, seria esse o motivo pelo qual mantemos um caso de amor com o tamanho de um pênis? Ou a nossa insatisfação nos leva a querer sempre algo maior, exuberante, excessivo, inesgotável? Vale lembrar que o Titanic naufragou na sua primeira viagem e as Torres Gêmeas desmoronaram após um ato terrorista de muita estupidez, mas e o pênis grande? Existe perdão quando percebemos que algo previsivelmente potente não é tão eficaz quanto às nossas expectativas? O tamanho realmente importa?
Esteticamente importa sim. Se alguém disser o contrario, desconfie imediatamente, pode ser recalque. Faz parte do ser humano desejar algo maior, adquirir coisas incomensuráveis. Isso explica porque o livro dos recordes sempre liderou o topo dos mais vendidos e explica também porque queremos ser sempre os melhores em tudo o que fazemos, pela simples vontade de sermos maiores, mais aceitos, termos mais poder, força e masculinidade. E o pênis entrou nessa disputa de egos sem sentido, porque a verdade deve ser dita: o tamanho não faz a mínima diferença, o que vale mesmo é o desempenho.
Uma vez li um artigo em que dizia: “Quem avalia homem pelo tamanho do pau são os gays, travecos e enrustidos. Mulher de verdade avalia primeiramente o caráter do macho”. Infelizmente os homossexuais são alvos de comentários desagradáveis, mas isso ocorre devido à postura que os próprios gays passam para a sociedade. Enquanto a dimensão do membro genital masculino for mais importante que o tamanho do cérebro, estamos todos no mesmo barco que naufraga como um Titanic e numa torre que desaba pelas nossas cabeças.
Nunca conheci mulher que gostasse de sentir algo batendo no estômago, mesmo porque o ponto de prazer feminino se localiza nos primeiros cinco centímetros. Mas quem não tem um amigo gay que antes de saber o nome de uma pessoa, pergunta quantos centímetros de pau ele tem? Encontrar um pênis ideal pode ser tão difícil quanto a procura pela alma gêmea, pois em ambos precisamos trabalhar o nosso poder de satisfação.
A nossa sociedade rotulou o pênis com nomes incontáveis que não vem ao caso citá-los, transformou-o num ícone, em algo mais importante que a nossa própria capacidade de fazer amor. Pouco importa se algumas pessoas se impõem pelo que tem no meio das pernas, provavelmente essa é a única coisa que elas têm de valor.
Para ser homem de verdade, independente da sexualidade, temos que ser grandes, antes de tudo. Valorizar uma pessoa e dar a devida atenção. Fazer com que ela se sinta maior, amar o nosso homem em cada centímetro e ter um cérebro bem dotado porque um dia a velhice vai bater na nossa porta e então não precisaremos de Viagra para manter o nosso amor de pé.