quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sex in the City





Sex in the City


Shopping for labels or shopping for love?


Esse é o refrão da música que a pop star Fergie lançou para o badalado filme “Sex and the city”. Quem acompanhou a série sabe todo o drama afetivo que quatro mulheres bem sucedidas enfrentavam para sobreviver em Nova York. Podemos notar bastante luxo, sofisticação, cultura, sexo, cidade e solidão.

Os gays do Brasil não estão distantes dessa realidade e talvez estejam um pouco mais preocupados com relação ao sexo. Quem não tem a impressão de que as baladas não são as mesmas? As boates não estão tão lotadas como antes, os bares fecham mais cedo, as festas... Essas ainda sobrevivem, por enquanto. Ouvi dizer que um site de pegação acabou com a noite de Nova York, mas as nossas também estão com os dias contados. É mais conveniente passar a madrugada pegando na net do que gastar grana e perder tempo saindo noite afora em busca de algo incerto.

A globalização aproximou as pessoas e afastou os ideais, separou a fidelidade do amor e lançou o respeito pela janela do último andar de um grande edifício. Passamos grande parte do tempo na Internet ou nos ocupamos com a TV, andamos pelas ruas ouvindo nossas músicas num Ipod de última geração e conversamos com o celular, mas nunca com uma pessoa. E ainda assim buscamos um relacionamento sólido.

Não é fácil acreditar em amor se vivemos em grandes selvas urbanas. O Rio de Janeiro, por exemplo, está nas praias, nas esquinas, nas academias e a cidade tem uma atmosfera sexual. São Paulo é o coração do país e deve trabalhar 24 horas para que todo o corpo funcione corretamente, e o corpo por lá também ferve 24 horas. A cidade grande nos proporciona muita facilidade em tudo, grifes luxuosas, variedades de museus, galerias de arte, restaurantes requintados, hotéis, sexo e o melhor de tudo: muitos homens brasileiros. O excesso de informação nos torna um indivíduo alienado e frustrado. É necessário ter cautela para filtrar o que há de bom nesse exagero interglobal senão passaremos a nossa existência nos distraindo com coisas inúteis que mal servem para preencher o nosso vazio.

Sexo é importante sim. Nós homens e gays sabemos que o tesão é uma bomba relógio que deve ser desarmada a qualquer custo e a aventura é o ápice de tudo. Por isso é difícil não cair em tentação quando sabemos que o mundo todo está se jogando. Não é atoa que as saunas estão cada vez mais lotadas e as pessoas mais vazias. A agenda telefônica cheia de contatos e no nosso aniversário não aparece “quase ninguém”.

Romantismo é para poucos. Amor é para os privilegiados. Estamos sempre nos queixando da solidão e não movemos uma palha para mudar esse quadro. Dizemos que a pessoa certa sempre aparece na hora errada, mas nunca hesitamos em ficar com a pessoa errada na hora certa, tudo porque temos medo da solidão, da cidade, e por isso, nos disfarçamos no sexo e no consumismo exacerbado. No Rio lutamos contra a genética para termos um corpo perfeito e em São Paulo não somos ninguém se não pudermos usar PRADA. Tudo é uma questão de prioridade, basta saber o que lhe faz feliz. Fucking for labels or fucking for love?



Bruno de Abreu Rangel

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