sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Meninos de buatchy: Da bala de coco à bala que dá onda


Não sei o segredo do sucesso, mas sei o do fracasso – que é agradar a todos. No território das palavras a gente usa as armas que pode para fazer as pessoas pensarem, refletirem sobre algo que está escancarado e que a gente finge não ver. Isso aqui é só o pano de fundo e é bom lembrar que eu me incluo nele. O que atrasa a humanidade é gente sem senso de humor, gente que não entende sarcasmo.

Sou dos tempos do “Parabéns para você”, em que aniversário não era algo tão elaborado: bolo de glacê, bala de coco com gosto de sabonete, brigadeiro enrolado a mão, salgadinho de quinta (engraçado como fritura naquela época não matava), um repertório de músicas horrendo e meia dúzia de esfomeados se cotovelando para pegar as balas e os pirulitos que caíam quando o balão surpresa era estourado. Depois um saquinho com lembrancinha... E fim de festa.

Na adolescência veio o hi-fi. A garotada fechava o play do prédio, contratava um serviço de iluminação, caixas de som, e os mais abastados “tiravam onda” com a fumacinha do gelo seco. Cada convidado levava a sua bebida ou salgadinho. As músicas eram um pouco mais agradáveis e, apesar do balão surpresa ter desaparecido, os pirulitos continuavam ali disponíveis – mas só as meninas podiam apalpar. Depois que todo mundo tinha ficado com todo mundo, o último a sair apagava a luz.
Tempos modernos.

As festas de hoje são uma aventura total, você não sabe se vai morrer, se vai ser traído, ou se vai conhecer a sua alma gêmea e se casar por dois meses que seja...

Para começar, logo na entrada, é preciso ter um saco gigante para suportar o tédio das filas quilométricas que dão voltas e ninguém respeita: estirpe praticamente inglesa.

Quando você finalmente se aproxima da porta... ‘Ufa, agora vou me divertir’! Isso é o que você pensa. Vai ter que passar por uma revista digna de FBI, feita por um bando de seguranças altamente treinados, que vai te colocar de cabeça para baixo, tocando em lugares que nem você enxerga para tentarem te impedir de entrar com coisas que lá dentro vende a torto e a direito. Como isso acontece? Sou péssimo com esses jogos de adivinhação.

Já na pista, ainda que as pessoas não estejam caracterizadas, se você analisar com um olhar bem crítico vai conseguir enxergar o Superman, o Batman, o Robbin, a Cinderela, a Gata borralheira, a Pocahontas e até o Quarteto Fantástico (aqueles amiguinhos incríveis e inseparáveis). Já podemos vomitar?

Ainda não, a parte do vômito é mais para o final. Agora é hora de curtir a festa.

A primeira etapa é procurar algo para beber. Não caia na cilada de pedir drinks exóticos, Vodka Absolut Citron, champagne Dom Perignon, ninguém bebe isso. E, além de você se queimar, corre o risco de ser expulso pelos seus amigos “miguxos”. O esquema agora é a degustação de água, ritual pra lá de curioso. Todos com abdômen rasgado e trabalhados no H20, inclusive, gostaria de mandar um beijo para a Nossa Senhora do Stanazolol e fazer um lembrete, juro que é rápido: alguém se recorda da mamãe aconselhando? ‘Não vá aceitar bebida de estranhos’, pois então – isso também vale para a água mineral de garrafinha. Uma golada a mais e é aquele vexame...

E não é para fazerem pirraça. A notícia ruim é que a bala de coco sumiu, evaporou, escafedeu-se. Se você é daqueles apegado à infância pueril vai sofrer um bocado, mas em compensação encontrará uma outra gama de balas artificiais que vão adoçar a sua vida (sabor nunca te vi, mas te amo; sabor DJ tuc tuc na cabeça e a sabor me beija que amanhã vou fingir que nem te conheço).

Saquinho de surpresa já vou antecipando: não tem, porém se usarem a imaginação... quem já deu uma volta pelos banheiros deve saber, faz-se de tudo, menos xixi. A grande surpresa da festa é ver gente ficando com o namorado do amigo, amigo ficando com inimigo, e geral ficando com uma baita de uma deprê no Domingo a tarde.

Pronto, já podem vomitar.

Os meninos da juventude eterna estão presos à ilha da fantasia. Hoje fazem 18 anos, 28, 38 e aos 48 anos estão pagando de adolescentes seguindo o raciocínio de que “se a Madonna continua quicando com quase 60, eu também posso”. Um dia alguém tem que crescer, um dia a gente vai precisar abrir mão de todo esse paraíso de mentirinha para poder enxergar o mundo com cores que hoje - só conseguimos através da bala.

Bruno de Abreu Rangel

4 comentários:

  1. Ai amigo...cada um na sua!Respeite a vida das pessoas...não é só pq algo não tem valor pra vc significa automaticamente que não deve ter falor pra outrem...Só sua opinião e estilo de vida que vale a pena??Ridículo seu texto...cuide da sua vida e faça o que vc julga melhor...mas este cuidado não lhe dá direito de julgar a vida das pessoas e muito menos considerar suas vidas inferiores....Texto extremamente infeliz e arrogante...sorry!!!

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  2. Que texto foda. Quando achei que seria algo pedante você vem e desconstrói toda a ideia. Genial. Continue escrevendo com mais frequencia. 10 com louvor. Parabens.

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  3. Parabéns pelo texto...só li verdades

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  4. Só vejo você criticando os sarados, os que moram na zona sul, os que usam anabolizantes, os que usam droga, enfim, qual a sua realidade? Quando vai expor sua vida legal em vez de criticar a vida dos outros? Posso estar enganado, mas já é o terceiro texto seu que leio e é sempre desdenhando. Posso ser sincero, acho que é seu sonho participar desses grupos que você critica com tantos detalhes.

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