sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Geração PLANO B

Geração PLANO B

 Até onde vale a pena manter um relacionamento paralelo? Estamos preparados para viver aventuras sem colocarmos a nossa solidez em risco?



          Existe um grande abismo entre a realidade e a fantasia, isso é indiscutível! Seja por baixa estima, insegurança, ou tédio estamos sempre buscando fora da relação o que nos falta em casa. E por qualquer motivo que seja, trocamos o “arroz com feijão” por um cardápio, supostamente, mais prazeroso porque, na maioria das vezes, ele vem com um tempero diferente e com promessas de prazer eterno. Mentira! É preciso saber a distinção entre o que você “degusta” e o que é seu de fato porque no final das contas – a conta chega – e o preço pode ser impagável.



          A partir da geração Y, consideradas as pessoas que nasceram na década de 80, junto com o “boom” da tecnologia e do surgimento da Internet, verão que todos estão bastante informados, com a mente aberta, fervilhada de fórmulas sem fundamento, mas completamente perdidos se você leva qualquer assunto adiante. Perceberá que estão todos sem base, sem tradição e referências. Falta raiz, apego, tradição, valores. Vendemos a nossa alma para as Redes Sociais, para os milhares de canais da TV, para os inúmeros jogos cibernéticos e os smartfones, que fazem quase tudo. Não vivenciamos mais o ócio criativo e qualquer tempinho que nos sobra nos dedicamos às atualizações do Facebook, Instagram, Twitter, Pinterest, Whatsapp e uma série de aplicativos sem os quais não vivemos. Estamos completamente desapegados e de mente aberta para quem quiser entrar. Nossa cabeça virou “terra de ninguém”, e o coração – esse ninguém entra mais.

           A impressão que dá é que, a qualquer momento, alguém nos colocará em segundo lugar e atualizará a relação como fazem com o próprio perfil no Facebook. E não adianta bater os pés, lutar contra isso, dramatizar... É um risco que todos corremos – sem exceção.

           Mas convenhamos, não somos tão tolos ao ponto de colocarmos a felicidade em risco, ela é e sempre será o plano A. Sabemos muito bem onde doem os calos e a solidão, o medo de terminar a vida sozinho vai sempre martelar na nossa mente. Seja qual for a época em que vivermos, a sensação de ser importante na vida de alguém será sempre mais forte do que qualquer anseio. Ver a pessoa com quem dividimos uma vida chegar em casa, nos dar um beijo na testa e perguntar como foi o dia é o verdadeiro sentido da nossa existência, todo o restante é bobagem, bobagem...

           Pular a cerca, sexo sem compromisso, vivenciar novas aventuras, tudo isso é uma válvula de escape. E pode ser que em algum momento a relação que temos em casa esteja mesmo de mal a pior: crises financeiras, desavenças, falta de entendimento, ciúmes, o sexo perdeu o ritmo. Mas isso é um momento que pode durar alguns dias ou bem mais. Depende, quase sempre, da nossa capacidade de olhar pra dentro de nós e entender o que realmente nos falta e onde estamos faltando. Não dá pra colocar sempre na conta dos outros e sair por aí trocando as casas, as pessoas que vivem nela, pode não resolver. É tudo um ciclo que se repete.

           Pensemos bastante antes de jogar tudo pro alto, tem sempre alguém interessado por nós quando estamos comprometidos. É assim que funciona, é normal – não se iluda. É como um quadro exposto na sala de estar na casa de alguém, ele será sempre mais belo e invejado por todos porque é algo que você não tem, mas se o mesmo quadro estiver no lixo, exposto na rua pra quem passar, livre pra qualquer um levar... Ah, esse mesmo quadro não teria o mínimo valor. Nossa mente infelizmente funciona dessa forma. Temos que ter discernimento para não trocarmos o plano A pelo B simplesmente porque esse é mais um quadro que você quer muito ter.

           Relacionamento não é receita de bolo e muito menos bula de remédio, não dá para sair rotulando e impondo regras. Uma conversa sincera e um acordo íntegro entre as partes vai fortalecer a vida a dois, vai estabelecer limites e, quem sabe, permitir que você viva a sua fantasia de vez em quando, mas volte para casa.

  Bruno de Abreu Rangel

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