domingo, 30 de janeiro de 2011

Honra ao mérito



Honra ao mérito!

Porque passamos a maior parte do nosso tempo nos preocupando com coisas insignificantes?

Passamos a nossa infância sendo cruéis com nós mesmos, concorrendo com nossos coleguinhas de classe, justificando nossas fraquezas com medalhinhas de honra ao mérito que nunca nos serviram pra nada além de ocupar espaço em nosso quarto. Tudo isso simplesmente para receber uma estrelinha a mais na testa, para chamar atenção de todos à nossa volta, para sermos percebidos, notados e amados.

Então, num dia qualquer dormimos com a ingenuidade de crianças e acordamos adultos com o mesmo espírito competitivo. Priorizamos os nossos sonhos e lidamos com eles como se fossem parte de uma competição que precisa ser ganha o mais breve possível. E ao invés de medalhinhas de honra ao mérito, lutamos por reconhecimento, admiração pública, ou ao menos de um grupo relevante. Porque a nossa cultura nos ensina que ser comum é patético. No final, vivemos uma existência vazia para termos um nome importante em nossa lápide.

Qual o poder de uma lápide sobre os seres humanos?

Muitas pessoas vão à guerra por uma medalha, por condecorações militares, honra, mas nunca para defender seu país, senão o fariam em terra. Por isso as guerras nunca passaram de uma batalha de fracassados. Ninguém vence, alguns têm apenas a impressão de estar levando um título de virtude para casa.

Por hora, sabemos que o senso de competição é natural e inevitável. Quem de nós não precisou lutar para chegarmos ao útero de nossas mães? Quando precisamos sobreviver ou lutar por uma causa, é necessário que haja uma disputa. Queiram chamar de entusiamo, persistência, força de vontade, mas é disputa. Ou passar no vestibular e prestar um concurso é um teste de inteligência? Besteira, pura competição. Provas nunca mediram conhecimento.

No mundo gay existe uma competição de futilidades: o melhor corpo, o namorado mais bonito, o maior número de amigos descamisados no facebook, o perfume mais caro, o mega híper influente – vale qualquer negócio para ser um pouco mais notado (carência total). Grande parte das pessoas que têm esse estilo de vida passa por cima dos próprios valores e outra, tem quase certeza de que é grande coisa.

Desde os jogos olímpicos da antiga Grécia, a humanidade se ingressou no espírito competitivo. E o que antes era apenas uma forma de honrar a Zeus tornou-se um meio de disputa entre as nações através do esporte. E essa interação entre os indivíduos, sejam eles humanos, animais ou vegetais sempre existiu. Os animais exterminam outros para sobreviver. Isso é a “seleção natural” de Charles Darwin. Mas e os seres humanos? Porque exterminam uns aos outros? Por honra ao mérito.


Bruno de Abreu Rangel

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