sábado, 2 de dezembro de 2017

¿Para que sirve un gran amor?




De que sirve ser bonito, tener un bueno empleo, dinero ahorrado, viajar a todos los lugares inimaginables, si al final estamos solos. La verdad es que nadie se apasiona de uno por ser exitoso, por tener um rosto notable, quien sabe por ser simpático – eso es apenas um detalhe.

Por increible que parezca, las pasiones suceden por la quimica, el olor, por el sabor del beso, por las ganas de estar juntos mismo que no hagamos absolutamente nada. Y no importa, en la mayoria de las veces, si el hombre es un atorrante, si nada en él combina contigo, si usa ropas anticuadas, porque cuando él se aproxima y mira a tus ojos, uno se pierde sin tener para donde correr.

El príncipe encantado talvez exista, o puede ser que no. Si creemos en la Navidad, aunque no exista Papa Noel, podemos creer en el amor, aunque no exista una caballero montado en un caballo Blanco.

Hay mucho amor en el mundo, por todas partes. Mismo que la tristeza, la desilusión y la nostalgia aparezcan con mas frecuencia, existe una buena intensión en el corazón de las personas. Estas se equivocan, hos hieren y as veces nos hacen sentir muy pequeños, pero es asi que son las cosas, hechas de errores y aciertos; y como dice un provérbio bien conocido: lo que no mata, nos fortalece.

Cuando nos enamoramos de alguien, no ellegimos las cualidades, ni pedimos por encomiendoalas características deseadas, llevamos el paquete entero. Y quedamos entorpecidos por un amor loco de aquellos que nos saca de control, o nos entregamos a una relación basada en la calma confortable.

Los gays, de forma genérica, desistieram de viver un cuento de hadas. ¿Será que el hecho de no Haber una cenicienta en la historia cambia algo? Quien no busca un par de zapatos que entre en sus pies, quién no busca un amor que sirva para la vida entera?

Un gran amor sirve para despertar abrazos, para ir al cine de manos dadas, para quedarse en silencio sin ser algo incomodo, para decir, “concuerdo” cuando se discuerda, para ceder y aprender a cada dia, porque solo cuando nos sentamos em la arena de la playa y vemos una pareja de viejitos amandose es que no damos cuenta de cuanto tiempo estamos perdiendo.

¿Cuantas personas pasaron por nuestra vida pero que por orgulho o por miedo de intentar una vez mas, desistimos de vivier un cuento de hadas?


Bruno de Abreu Rangel
brunorangelbrazil@hotmail.com
Blog: http://wwwbarbrazil.blogspot.com/

sábado, 18 de novembro de 2017

Sarados & Rejeitados: A cilada do corpo perfeito





Se em algum momento você já foi demitido de um emprego; se alguém resolveu fazer as malas e abandonar uma história que, supostamente, seria para sempre; ou, talvez pessoas do seu convívio se afastaram por divergência de opiniões, familiares lhes deram as costas porque você decidiu ser você mesmo... bem-vindo ao clube dos rejeitados. Fique à vontade. Aceita um café? 
 
Sem açúcar, claro. Porque a dieta deve ser prioridade. O importante é estar em forma, com os gominhos riscando a barriga, vai que o príncipe encantado aparece. E aquela fotinha do Instagram que vai render trocentas curtidas por segundo, o respeito que vamos ter quando tirarmos a camisa na balada, os olhares de desejo que vamos despertar do Oriente ao Ocidente, os corações que vamos partir quando decidirmos pularmos para outra do nada? Quanto poder, não é mesmo? Não, pura idiotice! Por que coisas tão insignificantes nos tiram a tranquilidade? Por que essa obsessão em ser aceito?
 
Abaixo narro a história de cinco rapazes que sofreram qualquer tipo de rejeição e “encontraram” a paz de espírito na academia. Os nomes e locais foram alterados visando proteger a identidade das pessoas. Qualquer semelhança é fofoca aleatória.
 
Porto Alegre: Caio fazia parte desses casais que postam fotos de 15 em 15 minutos, aquela forçação de barra do “vejam como somos felizes”. Num belo horrível dia, ele encasquetou de fuçar no celular do namorado e descobriu que o rapaz andava ciscando por aí. Quando foi tirar satisfação o cara já estava enrolado com outro que tinha 200 mil seguidores a mais do que ele. Resultado: Caio está solteiro desde então e é um dos novos digital influencers das redes sociais, tem milhões de seguidores, mas ainda não encontrou um rumo na vida para seguir. Passa a metade do dia pensando na sua nova postagem e outra metade malhando, porque vamos combinar, nada dá mais likes do que mostrar o bumbum sarado “despretensiosamente” no casamento da irmã. Nesse fantástico mundo das subcelebridades, mesmo tendo um rosto lindo, ele acredita que é modelo e que ter o maior número de seguidores trará o seu amor de volta.
 
Rio de Janeiro: Gabriel era chamado de anjo pela família, mas fora de casa era reconhecido como mosquito em virtude do corpo quase esquelético. O garoto anjo comia que nem um capeta e não engordava por nada. Passou a infância e a adolescência sendo motivo de deboche e ponto de referência: ‘bem ali, atrás daquele magrinho’. E quando não era uma situação constrangedora ele se sentia como uma parede, ninguém o percebia. Sua vida amorosa foi uma coleção de “Nãos”; evitava aparecer na praia e passava a maior parte do dia trancado em casa, na internet. Essa história virou passado quando um primo o carregou para a academia e apresentou umas paradinhas no sigilo. Quando Gabriel se deu por conta PAH! O menino anjo virou um Deus -- grego. O deslumbre pode ser algo traiçoeiro. A fome de ser aceito o tornou num compulsivo sexual e, pra quem tem corpão na terra do samba, esse tipo de comportamento é um prato cheio. Hoje, o esquema é cada dia uma novidade, uma vida desgovernada em aplicativos, um orgasmo engatado no “a gente se esbarra” e uma autoestima tão frágil como um jarro de cristal, pois apesar de ter entrado para a lista de desejos de meio mundo, sua cabeça ainda é daquele garotinho rejeitado.
 
Recife: Jorge foi criado num desses prédios de luxo que contornam a praia da Boa Viagem, mas por ser filho de políticos, teve o privilégio de curtir outros mares bem longe dos tubarões: Miami, Bora Bora, Havaí, Punta Cana, Ipanema. Está sempre rodeado de pessoas “queridas”, passando o cartão sem limites bancando prazeres, amizades e momentos inesquecíveis. Mas só o dinheiro não foi o suficiente. Nem apelando para todos os recursos da engenharia estética conseguiu dar uma aliviada no visual. Sem muita opção, acabou se entregando aos anabolizantes acreditando que um corpo perfeito lhe traria um pouco de amor-próprio e os romances que nunca foram correspondidos.
 
São Paulo: Felipe foi alvo daquelas histórias trágicas dramáticas dos anos 90, em que ser gay era mil vezes pior do que ser um bandido. E ele, em particular, sofreu bullying dentro da própria casa. Um dos episódios que consegue contar com os olhos úmidos foi o momento em que recebeu um presente no dia do seu aniversário de 18 anos e ao abrir o pai complementou às gargalhadas: ‘Uma boneca para uma boneca, agora que você completou a maioridade saia dessa casa! ’ Hoje, ele vai à academia de segunda a segunda, tem um corpo incrível, é bastante viril e fica atento para não ter nenhum deslize. Ninguém pode saber que ele é gay (o famoso fora do meio). Apesar de ter perdoado os pais, as cicatrizes ficaram: não acredita na instituição família, não consegue manter nenhum relacionamento por mais de dois meses, tem crises existenciais alarmantes e caiu na armadilha das drogas.
 
Manaus: Marcelo teve uma infância com recursos limitados, vivia numa casa de pau a pique com mais seis irmãos e sempre quis ir à Disney, e quem não quer? Consigo imaginar a Xuxa soltando essa pérola. A questão é que a transição entre a adolescência e a fase adulta trouxe alguns transtornos já que decidira bater a perna e assumir que gostava de homens. Ser gay e pobre não é fácil, o preconceito dobra, no entanto, nem tudo estava perdido já que ele era um dos beneficiados pela genética: rosto no lugar, corpo desenhado e uma pele naturalmente bronzeada. Quando começou a ter acesso aos aplicativos passou a se envolver com os mais afortunados da Ponta Negra e viu que existia um mundo ao qual ele não fazia parte e ninguém o deixara entrar. Começou a semear um sentimento incômodo em possuir o que os outros têm, mais conhecido como inveja. E desejou com todas as forças participar das melhores festas, malhar na melhor academia, vestir roupas de grifes e comer em restaurantes requintados. Não encontrou outra solução senão vender o que tinha de mais valioso: o próprio corpo.
 
Não há pré-julgamentos, não há mocinhos e nem vilões. Somos todos vítimas e a rejeição pode bater à porta de qualquer um. Nossa sociedade está cada vez mais solidificada na cultura do prazer e do entretenimento: tudo é corpo, corpo, corpo. Na primeira rejeição, a gente foge do problema e corre para a academia com o intuito de fortalecer o físico quando, na verdade, deveríamos fortalecer a alma, cuidar da parte de dentro, reagir com serenidade quando somos convidados a nos retirar, acalmar a dor emocional, reduzir os níveis de raiva e insegurança, proteger a autoestima e estabilizar essa necessidade em ser aceito. Há amores em que não rolam mais química, há incompatibilidade de estilos de vida, pessoas que querem algumas coisas enquanto queremos outras, situações que não se sincronizam - e ninguém tem culpa - o mundo continua girando.


 
Bruno de Abreu Rangel

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Losing the battle: Drugs and Compulsive Sex


Iron Boys


This image is for illustration purpose only

A fit body should not define our destiny.

I’m no saint – I don’t even come close – so take what I say with a grain of salt. But as a writer, I am compelled to share what I have learned about problems we all share: Occasionally I can’t sleep. I fall in love. I fall in hate. Sometimes both. Life has a way of taking us up as well as down, but isn’t that the coolest part? I give you my word to testify, as realistically as possible, about my dialogue with the unknown….

Like many of my generation, I consider myself ironclad – invincible almost, armed with a high self esteem, walking disguised as a superhero, when in reality I’m just a fragile person who is lost, and has no idea which way to go to get out. Inside of me, there are two fierce lions that battling all the time, Good versus Evil. Do you know which one will win?

Whichever one I feed the most.
**********

It was one of the usual “must go” circuit parties.  Half of the Facebook/Instagram socialites were present, out to see and be seen – like some ancient medieval festival, where members of the french court used to appear in order to promote themselves, garner favor, exchange glances, do business, etc. But as the world "evolved," the party goers in tailcoats and flamboyant dresses gave way to shirtless, fit bodies. Noble titles were substituted for zip codes (it’s all about where you live), decorative fans were replaced by "poker faces," and the dealers... Well, better to continue with the story.

So there I was, out with some friends enjoying the night, when suddenly ...

“Hold him!”

A boy – very handsome, by the way – fell flat on the floor right in front of us. This caused an instant ruckus, as many did not know whether they should help the boy or just get out of the way. There was no doubt that he had overdosed on drugs – he had come face to face with his limit. The crowd gave way, I felt a strong beam of light in my face and people in white were approaching. No, they were not angels – they were paramedics.

That scene was burned into my memory. I kept thinking to myself, trying to understand: why do we test the limits of our bodies? Why do we venture into the shadowy places? What are we looking to find there? In reality, they serve to entertain us only briefly, and in the end we find that our mind has been gradually sickened along the way. Why do we seek out so many ways to harm ourselves, opening doors to dangerous places, trying new and crazy things just to try them, until the Apocalypse arrives?

What is the purpose of this life? What role are we to play?

These questions reverberated through my mind like as the boy was dragged out by the paramedics. Truly, it was horrible scene witness sober – being high on drugs might be the only way to see it as anything like a “normal” situation.

It is degrading this lifestyle cycle (endless strict diet - thousands of supplements – hours after hours in the gym, drugs, parties, sex parties). Always the same thing as if we were walking in a circle. And for what? To be happy? Are we?

For some reason now it became a routine for young people to lose their lives to drugs – in the middle of the dance floor. In the past there was a certain embarrassement, condecending looks, a disguised discrimination, the ‘Stay away from bad companies' used to hammer in our unconscious. But today it has become fashionable to challenge our body immunity, to try these and more of those (all the cool hot people take it, right?! I want two then!). After all, are we invincible iron boys, or merely mortals?

'Do you know so-and-so? He died on that party.

Oh my God, are you serious? He was so young and beautiful ... '

Then you suddenly see dozens of r.i.p posts popping up on your timeline, inbox messages and even some gossip. But no one talks openly about the cause of it, only condolances and sharing the pain as their own. Once this is finished they keep managing their lives the same way, right on style "This will not happen to me."

The passed out party hunk, who was a few minutes between life and death, rose from the ashes like a phoenix. An unprecedented scene. He was more lucid than ever. It was amazing how his skin was fresher and his body fitter with the six packs screaming. After all, the show must go on.

Although the body apparently appeared to be “back in place”, his soul was certainly lost, confused, without the slightest interest in understand what just had happened, because it was day after day taunted by depression and suicidal tendencies. To overdose you don´t need to eat drugs with a spoon, a simple tryout dose can wave you good bye ! It's about the body's ability to be able to process that specific amount at that time.

We are not made of iron. Matter of fact, our bodies are so fragile and influenced by our minds that most of the diseases come from unhappiness, which is concealed most of the time by a wide smile or a successful image that actually hides a overworked stressful and lonely life, nothing more than fake propaganda that we insist in displaying to cover a non interesting life.

It is time to put on the armor, kill the dragons of insecurity, defeat the evil knights who consume us with grace, plunge the sword on the monster who wisper the temptations in our ears and definitely feed the good lion. We need to seek light, strengthen our spirit with inner peace.

When you are by yourself reading a book, listening to music, admiring a landscape ... can you be happy with just that? Or you get anxious looking for anything to fill in the emptiness and to justify your whole life?

Emotional reeducation.

Yes, it is difficult to accept that happiness can be achieved only through hard work on yourself.  Slowly but surely, with small daily acts and choices we fix some problems that started in childhood, tighten some loose screws that keep our mind in chaos, with therapy put an end to this feeling of emptiness that lead us to make terrible mistakes and – if it is necessary - do a surgery in our soul, because a fit body should not define our destiny.

This article was published in my column “Meninos de Ferro” in Brazil reaching more than 100.000 access in 24 hours..
Bruno de Abreu Rangel
brunorangelbrazil@hotmail.com

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

A inveja que rola no meio


Rola muita coisa no meio, mas a falta de r*la pode, também, ser uma das explicações para a infelicidade de muitos. A escassez de amor, de sentir alegria pelo próximo, tem feito a bandeira colorida passar vergonha. Nas redes e nas rodas sociais é aquela disputa cansativa o tempo todo: o mais lindo, o mais sarado, o mais rico, o maior pegador, o casamento mais perfeito/o solteirão mais cobiçado, o mais viajado; o partido político que rouba menos... tem até competição de quem se droga mais e não morre (sim, essa é de cair o queixo).
 
Logo, quando algo de interessante acontece na vida de alguém - seja por mérito, ou sorte – ao invés dos coleguinhas demonstrarem um apreço, eles brotam do nada com um sorriso forçado tentando camuflar o desgosto e um sentimento incontrolável de possuir o que não lhes pertence, porque na realidade estão insatisfeitos com a vida glamorosa que insistem divulgar. A dor de cotovelo é tanta que muitos dedicam parte do seu tempo tentando difamar o outro no seu vasto “círculo de amizades”, criando histórias mirabolantes e disseminando fofoquinhas de colegiais só para se sentirem maiores. Rola sempre um comentário ácido entre um copo de café e um pão com manteiga:
 
1- A pessoa vai para o circuito de Barcelona: piranha baladeira;
 
2- Namora alguém com o dobro da idade: golpista;
 
3- O indivíduo está fazendo dieta e ficou com o rosto seco: ‘esse aí contraiu uma doença pesada...’
 
4- A foto de um bonitão atingiu 2K de curtidas em 5 minutos: ‘Ao vivo você precisa ver amigo, ela é horrorosa”;
 
5- Posta foto sem camisa na balada: drogado;
 
6- Mora fora do país: faz programa;
 
7- Apareceu com sunga nova na praia: programa;
 
8- Posta fotos de madrugada: programa também (porque a pessoa não está dormindo?);
 
9- Anunciou que está namorando sério: ‘esse relacionamento não vai durar uma chuva’;
 
10- Leva uma incrível vida de solteiro: ‘encalhado, ninguém o suporta, tadinho...’;
 
11- O rapaz tem mestrado: bicha nerd militonto de esquerda;
 
12- O cara está todas as tardes curtindo a praia: maconheiro;
 
13- A inimiga ficou com o seu crush: ‘uma piranha, você sabia que ela já passou na mão de geral? ’;
 
14- Namora um cara bem bonito: deve estar bancando;
 
15- Apareceu todo saradão roubando a cena: ‘com esse tanto de bomba que ele toma, até eu...’;
 
16- O carinha normal que só pega os mais gatos: ‘deve ser dotado, porque bonito ele não é. Como alguém pode encarar esse monstro? ’;
 
17- A pessoa posta foto num iate em Mônaco: ‘o boy exibe a viagem, quero ver exibir quem banca’;
 
18- O coleguinha resolveu trabalhar e alcançou o sucesso profissional: ‘deve ter dormido com alguém, com certeza. ’;
 
19- Fez um tour pelo Velho Mundo: ‘como essa bicha foi pra Europa se ela não tem dinheiro para um Guaraná? ’;
 
20- Dois super gatos mudam status para em um relacionamento sério: ‘não sei quem come quem, duas passivas...’
 
Suponhamos que você tenha passado a vida toda desejando ser um pouco mais feliz e, então, o seu melhor amigo surge com um brilho irradiante nos olhos, vivendo um dia de cada vez, sem grandes motivos, feliz por nada. Isso te incomodaria?
 
A inveja cria inimigos silenciosos. Nesse mundo superficial do ‘vou postar minhas vitórias’, as pessoas quase nunca têm acesso aos nossos dramas, às nossas derrotas, aos problemas corriqueiros que nos tiram dos trilhos, e então elas se baseiam nas imagens que rolam na timeline e se questionam o tempo todo, se comparam, se sentem menores porque a grama do outro parece ser sempre mais verde, a bandeira arco-íris do vizinho é mais colorida. Estar, aparentemente, melhor do que os outros pode ser muito perigoso. Nesse jogo da vida nem todo mundo vai conseguir chegar lá. Mas onde fica esse lá?
 
Acreditem, haverá sempre alguém mais novo, mais bonito e bem-sucedido na próxima esquina, mas a sabedoria está em aceitar o que vem para nós, conseguir viver no mundo sem ser do mundo, olhar para as conquistas ao nosso redor sem nos revoltarmos. Todos vamos passar por altos e baixos, perdas e ganhos; enfrentar a alegria e a tristeza, o emprego e o desemprego, a luz e as trevas, o apego e o desapego, todos vamos provar o gostinho do ‘Eu te amo’, ou do ‘Não te quero mais’. O que fará a diferença no final de tudo, é a lição que vamos tirar e a alegria em vibrar pelas conquistas das pessoas que amamos. É esse o tipo de energia que vai blindar a nossa alma.
 
 
Bruno de Abreu Rangel

quinta-feira, 29 de junho de 2017

What do we do with our lives while death does not come?



This image is for illustration purpose only

The last kiss

- Honey, Where are you? I'm going to work, I want my kiss. She announced to the living room door already ajar.

- Now? I have yogurt all over my mouth and you are already late for an important meeting today. You can’t miss your flight. He shouted from the kitchen’s table entertained by the morning news.

- Okay. See you later!

- I love you. Oh, do you have your keys?

The door was shut mid sentence. And yes, she didn´t take the keys and he didn´t take the opportunity of a kiss.

*********

At some point we are so busy, that we start forgetting names, birthdays, postponing that romantic trip to the mountains or to visit grandma who is already past her due time in this world; we are leaving for later that major clean up in our closet, the one to get rid of the pieces that we never use; the phonecall to mom, who has been waiting forever just to hear the sound of our voice. And when we finally got a break in the schedule, we are distracted by the morning News and the yogurt.

If i can properly recall, there was in childhood a drawer with clothing exclusively to walk in the park on the weekends. It was almost a crime to use a Sunday outfit on Monday and the penalty was heavy: two days without watching your favorite cartoon. These were our parents training us to think that tomorrow is more important than now. Then, with the pimples came the fancy-expensive colognes used only on important occasions, and when the beard filled my whole face came that big speech to buy your own house (save up each cent just to have a place where you can drop dead).

Most of the time things do not go as we expect, and we could be much happier than we are if we detach ourselves from these formulas tested and approved by the department of people who were born with everything. There will always be a lame excuse to live tomorrow: dream of a new incredible project, lose five pounds next week, start another MBA, buy a second home, do another tour around the world, open another company. What we do with our lives while death does not come?

*********

On that day, the husband dodged a simple kiss with the excuse that she would be late, that his mouth was dirty (as if he had to move the world to use a napkin) because the news was spitting a bombastic revelation and he could not miss for anything, because he had the illusory certainty that later his wife would be back with a splendid novelty: the meeting of the work would have been a success. The long - awaited apartment in Soho would finally get off the ground. That would open Cabernet Sauvignon bought on a trip to France and was already giving web spiders. And then, make love until the sunset.

That day never came. 

The wine bottle was never opened.

And the Soho’s apartment turned into dust when her husband received a call to recognize the body. On the other side of the telephone, a voice, almost mechanical, from a person who is used to giving the news every fifteen minutes. And on this side of listening, a repentance that shatters and transforms us into pieces.

'- Honey, Where Are You? I'm going to work, I want my kiss. '

A regret that ill. The guilt of not having touched her lips, fouled the fuc*ing Sunday shirt. The inside question that might have made that little gesture of love would have prevented the accident. Or not, who knows?

'- Now I have my mouth full of yogurt and you have that important meeting today, remember? You can’t miss your flight. '

Since the 'I love you' became the new ‘good morning’ we have been putting feelings in airplane mode. It is missing connection, truth, more eye to eye, more desire to be together, unmade beds, more obscenities whispered in ears, weekends with popcorn thrown on the living room carpet... because we never know when will be the last day, the last kiss, the last 'Baby, I'm coming home'.

- I love you. Oh, do you have your keys?'

We need to have more creativity to love in a studio apartment without getting that pathetic torture by the need of living in a penthouse. Understand that no matter if we feed, clothe and give the best to our children, what counts in the end is to put them in our lap and say how much we love them - this is the real food for the soul and certainly the no need of a anti depressive prescription in the future.

But the husband woke up in time. He ran, screaming his lungs, and reached the happiness on the elevator:

- Sweetheart, here's your key, I love you so much. You make me the happiest man in the world, did you know that? If the meeting doesn’t go as expected it’s ok, we’ll be fine. I will always be waiting for you to come back because your smile is my oxygen.

She smiled with her eyes, unable to express such joy. She touched his mouth wiping the yogurt off his face and said goodbye with a kiss of those Hollywood movies.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Amor & outras drogas



Tem um filme de chorar super fofo com esse título "Amor & outras drogas" e, apesar da trama abordar sobre amor e medicamentos, o assunto que vou tratar está bem longe de ser algo estrelado pela queridinha Anne Hathaway. A parada aqui também faz chorar sim ..., mas é trash, já vou logo avisando.

O roteiro é patético: uma pessoa surge na sua vida como um furacão, bagunçando tudo; lhe fazendo provar cheiros e sensações nunca antes sentidas, proporcionando noites incríveis, lhe deixando meio atordoado, perdendo o foco, a fome, o sono. E, de repente, você se pega pensando nela o tempo todo, uma paixão obsessiva que te consome e tira a sua paz de espírito. E quando a pessoa desaparece, desliga o celular, ou faz alguma mudança de planos, você sente uma abstinência similar à de um usuário de drogas. A partir de então, a sua saúde mental está nas mãos de outra pessoa.

Um viciado sempre acha que está no controle de tudo, que vai poder parar quando decidir, sempre acredita que insistir naquilo não lhe fará tanto mal. Na cabeça dele as pessoas é que estão falando demais, dando conselhos errados, se intrometendo onde não devem. Age por impulso o tempo todo, colocando vírgulas, onde deveria ter um ponto final,. E quando se dá conta, está completamente fragilizado, com a autoestima doente, se expondo em situações de risco física e emocionalmente. Às vezes a pessoa que a gente tem uma queda acaba nos derrubando...

...Pessoas que enrolam, visualizam e não respondem, que soltam um “hoje não posso” quando era para dizer “claro, vamos sim”; pessoas que vivem na ilusão de que são os gostosões do pedaço e se alimentam da vaidade de serem cortejados, de ter sempre alguém se rastejando aos seus pés quando na verdade estão tentando driblar a rejeição que provaram no passado, aquele medo escondido a sete chaves de voltar a ser o indivíduo menos interessante do universo. E, hoje, com uma pequena dose de melhora no visual ficam testando o poder de sedução só para provocar uma reação nas pessoas, vivem aprisionados na triste ilusão de que serão jovens e/ou sarados para sempre, pessoas viciadas na própria imagem.

... Pessoas que só aparecem na hora do “vamos ver”: a droga do sexo. Sexo é uma droga mesmo, vicia. E o maior perigo é quando acreditamos que química e amor andam de mãos dadas. Mentira! A gente insiste em ficar dando ibope para quem não merece só porque o sexo é fascinante, mas e daí? Parceiro bom de cama a gente arranja em qualquer lugar e, na maioria das vezes, não tem nenhuma relação com beleza. Do mais lindo ao mais feinho, estão todos provando uma amostra grátis da desilusão amorosa. Há, inclusive, uma galerinha que fará questão de te manter em banho-maria, se esquivando de compromissos sérios, te iludindo com palavras no pé do ouvido e, todavia, o que eles querem, de fato, é lhe ter disponível, porque são pessoas viciadas em sexo.

... Pessoas sufocantes, que trazem a insegurança a tiracolo, que transformam a vida do parceiro num filme de terror com direito a gritos, faca e um psicopata. Estão sempre desconfiados, monitorando cada passo, inspecionando bolsos, vigiando olhares, limitando espaços e amizades, vistoriando celulares, restringindo acessos nas redes sociais, fiscalizando sentimentos, supervisionando orgasmos e acreditando que estão no comando, que o sorriso formal na foto do Instagram é o suficiente para manter o relacionamento intacto. Esses indivíduos nunca estão preparados para o fim, não conseguem administrar a ideia de que quando alguém decide sair da nossa vida, não há nada que possamos fazer, não conseguem enxergar além porque são pessoas viciadas em atenção.

Nenhum desses comportamentos tem qualquer relação com amor. Vaidade, sexo e carência são apenas algumas das drogas que invadem a nossa vida e nos arruínam de pouco em pouco. Amor não vicia, não nos faz sentir uma abstinência emocional. A gente consegue ficar em paz quando o celular da pessoa está fora de área, a gente não perde o equilíbrio quando alguém acha o outro mais bonito (rola até um certo orgulho), amor não se baseia numa overdose de cama, não tem demarcação de território, há uma liberdade que flui sem medo, sem desconfiança. Amor é quando mesmo depois de muito tempo você sente falta da pessoa e não só do corpo, é quando você fica de pernas bambas ao escutar o timbre da voz, fica feliz mesmo que não haja motivos - senão o fato de estarem juntos.


Bruno de Abreu Rangel

13 razões para desistir das bees "sem noção"



O Ministério do humor adverte: esse é um texto com altas doses de sarcasmo. Tirem as crianças da sala e qualquer semelhança não é mera coincidência - é intencional “meixmo” (deboche com sotaque carioca). Acontece comigo, acontece com você.
 
Abaixo, segue um pequeno repertório de características e atitudes das bees que são capazes de tudo só para saírem bem na fita e, no final das contas, acabam cag*ndo na própria cabeça. Não há nada de suspense nessa trama: elas se arruínam e a gente só assiste. 
 
                                                                    **********
 
1 - Amor à primeira pista: paixão de balada é a maior furada. Ponto. Na Terra do Nunca muita gente leva a sério a felicidade do comprimidinho colorido. Então você atravessa o portal, se conecta com uma pessoa, tem momentos incríveis que duram pouco mais de duas horas (sendo bastante otimista) até que ela resolve mandar um “vou ali no banheiro e já volto”. FIM.
 
2 - Bees religiosamente intriguentas: a pessoa bebe até cair e fala mal do maconheiro; o maconheiro fuma até esquecer o nome da mãe e fala de quem cheira; o cheirador quase bate as botas de tanto entupir o nariz de farinha e fala mal do evangélico; que fala mal de quem bebe. Estão todos enxugando gelo. Papai do céu vai ficar muito feliz quando cada um cuidar da própria vida.
 
3 - É veneno para bombar o corpo, veneno para curtir a onda na night, veneno para deixar o negócio de pé por horas, veneno para pregar os olhos e dormir. As pessoas estão envenenadas e no supermercado passam horas lendo rótulos para evitar gorduras Trans.
 
4 – A pessoa brotou do nada, ganhou um pouquinho de dinheiro, foi para a Zona Sul, deu um tapinha no visual, fez um ciclo de esteroides extraordinário, faz crossfit todos os dias, comida orgânica e ainda assim não é nota dez: 7,5. Pra piorar, essa criatura tem a audácia de sair discriminando e rotulando indivíduos que frequentam o mesmo espaço que ela. Se acha superior, só dá vexame, coleciona episódios de gafes pavorosas e fala aos berros: educação praticamente suíça, nota 0.
 
5 - Acabou aquele alvoroço de gringo dando apartamento, ator global distribuindo carro a torto e a direito. Quem deu o golpe já deu, quem ainda não conseguiu segue acreditando que foto sem roupa no Instagram será suficiente para ser modelo da empresa MODELO e poder atrair grandes investimentos.
 
6 – Ilusão de ótica: fila, empurra-empurra, ser tratado como gado, e ainda acreditar que é VIP na buatchy.
 
7 - As pessoas te amam até não precisarem mais de você. Até aí tudo bem, não há nada de novo, mas fazer macumba on line, arquitetar vingancinhas medíocres, promover fofocas de boteco... é sinal de que a palavra gratidão anda com cheiro de mofo.
 
8- Indireta em rede social é uma das atitudes mais grotescas e covardes, vem das cavernas. A pessoa acha que está causando e está apenas expondo, ainda mais, a sua fragilidade. Que tal procurar o coleguinha inbox e dizer diretamente que você morre de inveja dele, que ele te incomoda e que você não consegue ser feliz por conta própria? De repente ele poderá ser útil. Estejamos cientes de que, na maioria das vezes, o alvo das indiretas nunca lê a mensagem e tudo o que nos resta é um mal-estar entre pessoas do nosso convívio que não têm nada a ver com a história.
 
9 - Beleza não abre apenas portas, mas pernas. Esse “pica das galáxias” é tão sem noção que sai por aí vomitando um monte de asneiras contando vantagens quando na verdade todas as conquistas que ele obteve estão relacionadas ao sexo e, como se não bastasse, ainda tem a ousadia de julgar os garotos de programa.
 
10 – A gata garota tem um corpinho sarado e acha que não precisa saber quanto é 7X8? Precisa sim e precisa também aprender a escrever em português para que todos possam entender o seu barraco no Facebook. Está se queimando e, até onde sabemos, até queimadura tem segundo grau.
 
11 -  A bee vai morar no exterior e fica se achando o último biscoito do pacote quando na realidade tem que aguentar gringo enfiando chave de fenda no pinto, colocando fio no traseiro para levar choque, aturando um sexo pra lá de bizarro; tendo que pagar um preço altíssimo só para poder voltar ao Brasil e usar uns óculos PRADA na praia de Ipanema, e não é que o diabo veste PRADA? That’s all.

12 - Um minuto de silêncio em prol das bees que Julgam o relacionamento alheio para compensar o fato de estarem sempre solteiras e sozinhas, por livre espontânea vontade – dos outros.
 
13 - Todo mundo sente atração pelo perigo, mas desde que o perigo não exista: ‘Amigo, a colocação ainda não bateu, será que tomo mais uma dose?’ Dependendo da quantidade de drogas que a pessoa ingere ela pode se sentir num paraíso gozando da felicidade plena, O-U, pode partir dessa para uma pior ...
 
‘...chegando no céu a bee diz: puxa, mas ninguém me avisou. 
Avisou sim, pode descer. ‘
 
                                                                         **********
 
Érico Veríssimo já nos deu essa dica memorável: “Em alguns momentos o que salva nem é o amor, é o humor”, portanto, mensagens grosseiras com perfis fakes/ anônimos podem ser enviadas para:
 
Bruno de Abreu Rangel

Insta, Insta meu, existe alguém com mais likes do que eu?



Li numa dessas revistas que pegam poeira em consultório médico, que nós passamos por mais de 300 aprovações por minuto quando encontramos alguém pela primeira vez na vida. Nossos corpos já começam a se comunicar antes mesmo de travarmos um diálogo. Em milésimos de segundos nós passamos uma espécie de raio X na pessoa e damos início à uma série de análises que vão desde o corte do cabelo até à forma de piscar os olhos. (Isso inclui trejeitos, timbre da voz, porte físico), muita coisa que dá para disfarçar com um filtro desses aplicativos que transformam pessoas comuns em “celebridades de capa de revista”. Resultado: trocentas milhões de curtidas e ao vivo... aquela decepção: 

‘Você é o Zezinhofficial? ’.
 
 A nossa atividade cerebral, a certa altura, já se concentrou especificamente na parte visual e projetou algumas ilusões que na hora “H” jogam as nossas expectativas do vigésimo andar. Isso acontece porque a gente só enxerga o que quer. Existem táticas para conseguir o maior número de seguidores e incessantes curtidas, o difícil é manter esse estrelato Xing Ling na vida real, principalmente quando a fama está ligada ao corpo. Dois minutos de conversa com a pessoa e você quer sumir do centro da Terra. O que não falta nesse mundinho de egos são perfis em que você peneira e.… zero conteúdo.
 
Quem frequenta academia sabe bem sobre os neuróticos que não conseguem desgrudar os olhos do espelho, os fanáticos que ficam admirando a própria beleza se achando cada vez mais irresistíveis e os desiquilibrados que nunca se satisfazem com a própria imagem, malham por horas a fio e saem com a sensação de que o corpo não está no lugar: ‘Preciso ganhar mais massa muscular’.
 
Algumas pessoas, inevitavelmente, são mais vaidosas do que outras, mas quando a gente ultrapassa a linha do bom senso e não consegue mais disfarçar – é sinal de que há um problema. É saudável querer registrar momentos, lugares, pessoas, comidas, fazer uma série de fotos exibicionistas, cada um é livre para fazer o que quiser. O que é importante levar em consideração é se a gente está deixando de viver a própria vida para se escravizar num mundo virtual, dando poder às pessoas de julgarem se somos, ou não, interessantes.
 
Muitos estão tendo suas vidas roubadas pela fissura dos likes. Pessoas sérias e compenetradas que caíram no conto do ‘Você é lindo’ e, da noite para o dia, se tornaram modelos fictícios, perderam a própria inteligência emocional. E aí é aquela obsessão, o indivíduo vai fazer um café, por exemplo, e transforma esse ato tão singelo num evento que pode render mais fotos que o ensaio das top models de verdade.
 
Já começaram, inclusive, os petit-comitès (as festinhas fechadas), onde só entram pessoas com um número K de seguidores, bem no estilo Black Mirror. Só que nessa selva de narcisismo existe uma concorrência disfarçada de amizade; gente que sorri, curti, deixa comentários fofos e na vida real faz muito bem o papel da rainha invejosa que oferece sutilmente uma maça envenenada, uma bruxa com uma índole bem competitiva, que se alimenta de elogios, que passa horas em frente ao espelho tentando encontrar soluções para bombar na rede, ser a maior estrela, ter o maior número de curtidas e, finalmente, poder receber a atenção que foi negada em algum momento. E qual a finalidade disso tudo? Quem somos nós nesse vasto universo?

A vida é muito dinâmica, amanhã vamos deixar esse mundo e tudo vai continuar intacto. Certamente, algumas pessoas (bem poucas) irão sofrer com a nossa ausência, haverá um falatório que não vai além da missa de sétimo dia, postagens de fotos com a legenda “Hoje o céu está em festa”, mas também, comentários maldosos de alguns covardes que vão especular a causa da morte sem ter o menor respeito pela nossa existência. E, quando os olhos se fecharem: caixão, tendo você 5, ou 5 milhões de seguidores. No fim do jogo, o rei e o peão voltam para a mesma caixa, já dizia o provérbio italiano.
 
Ninguém é tão fascinante quanto pensa ser. Sempre haverá alguém mais com mais likes do que a gente e isso não quer dizer absolutamente nada. Devemos ficar atentos para não deixar números virtuais subirem à nossa cabeça. É preciso ter consciência de que esse grande teatro é passageiro (os famosos do Orkut já foram enterrados). Amanhã o tio Zuckerberg, pai do Facebook e Instagram, acorda de ovo virado, encasqueta de lançar outro aplicativo e lá vamos nós começar do zero, perder mais tempo da nossa vida que é curta. Somos apenas um grão de areia nesse labirinto de espelhos e cada um tem o poder de escolher entre viver pela imagem, ou encarar o reflexo e aceitar que somos perfeitos dentro das nossas imperfeições: é a única saída.
 
Bruno de Abreu Rangel

O amor e as escolhas certas



Você sai para comprar uma calça jeans, tem consciência de que precisa muito e não há como adiar porque já deixou de ser supérfluo - é uma necessidade. Só que no caminho você se depara com um sapato lindo e fica do outro lado da vitrine namorando: é o modelo da moda, ficaria bem em você; já se vê postando fotos, usando aquela peça incrível numa festa badalada, no casamento da amiga, pensa até no seu casamento.  Aí você insiste e esquece completamente da calça jeans e opta pelo sapato: ‘Sim, vou ficar’.
 
Escolha errada.

A culpa é do sapato? Não, o sapato é perfeito, mas naquele momento ele não serve para você.
 
Quantas dores, decepções, quantos pés na bunda precisaremos levar para entender que estamos fazendo as escolhas erradas?
 
Namoro serve para isso. É a oportunidade para testarmos as paixões, provar os lances de pele, conhecermos alguém na íntegra (porque na vitrine todo mundo parece ser fabuloso). A gente precisa se compreender, ouvir o que o coração quer de fato, pois cada um sabe das próprias necessidades emocionais. Tudo bem, não dá para sair criando rótulos, mas relacionamentos seguem ladeira abaixo porque gastamos munição empurrando algumas incertezas com a barriga: ‘ele vai mudar’. E a gente fica como um pateta esperando que uma uma macieira dê laranjas.
 
Você é monogâmico, ele gosta de salada de frutas. Escolha errada.
Você é ativo, ele é ativo. Não vai funcionar.
Você é versátil, ele é passivo. Vai ser legal... até a página dois.
Você é ativo/versátil, ele é passivo/versátil (ou, infinitas possibilidades compatíveis). Péeeeeeeeeee. Bingo!
 
Agora que passou da fase cama, tem que ver se também serve para mesa e banho, ou vice-versa, porque, acreditem - um abismo emocional destrói qualquer possibilidade de uma vida a dois.
 
Se você é caseiro e o pretendente faz questão de ir pra night bater cabeça t-o-d-o fim de semana algo diz que você terá uma pedra no sapato. O cara que preenche a vida com boates e música barulhenta está errado? O que curte ficar enfurnado entre quatro paredes zerando o Netflix está errado? Ninguém está errado, são estilos de vida opostos, personalidades diferentes, um não serve para o outro. Simples assim. Naturalmente algumas pessoas estão em outra sintonia e não é culpa de ninguém. Persistir no erro, é criar ilusões vendo amor onde mal existe afinidade.
 
E como fazer a escolha certa? Sendo paciente, tendo uma vida própria, ocupando a mente com projetos pessoais, canalizando energias para construir algo em benefício próprio enquanto a gente observa, pondera os prós e os contras, amadurece a ideia evitando sair por aí forçando a barra e se arriscando em relações que não nos servem, evitando aceitar o primeiro que aparece só para se esquivar do status de solteiro. Pode ser que leve meses, ou até anos para encontrar a calça jeans que nos caia bem, mas para que isso aconteça, precisamos abrir mão dos sapatos. Mais do que nossas tendências, o que nos define, na realidade, são as nossas escolhas: cada dia que a gente passa com a pessoa errada é um dia a menos que a gente passa com a pessoa certa.
 
Amor tem que ser orgânico, tem que fluir naturalmente sem que precisemos convocar o exército para resolvermos picuinhas; precisa ser algo que nos traga conforto sem que tenhamos aquela abstinência horrível de ter a pessoa sempre por perto, de entrar em curto circuito quando ela desaparece e ir ao paraíso quando ela resolve dar sinal de vida (no tempo dela). É nossa escolha viver numa montanha russa emocional, ou numa relação onde haja solo firme, similaridades, um “Eu te amo” nos gestos mais simples e um sorriso de orelha a orelha quando alguém te avista chegando de longe. 

 
Bruno de Abreu Rangel

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O que há de errado com os garotos de Ipanema?




O Morro Dois Irmãos é testemunha:

–  Oi, você conhece esse garoto aqui? (Foto enviada)
–  Não, por quê?
–  Você sabia que ele está passando HIV pra geral?
–  Como assim? Deixa eu entender, ele te passou HIV?
–  Não, claro que não!
–  E como você sabe que ele é soropositivo e está contaminando todo mundo?
–  Um colega me contou...
 
‘Um colega me contou’, fofoca, disse me disse, comentários maldosos e desgosto com a felicidade alheia só tem dois significados: falta de amor, ou inveja.
Agora escutem mais essa, parece inacreditável.
 
                                                                        **********
 
Um bando de saradões está na praia de Ipanema comentando sobre a última festa e um deles (o menos beneficiado pela beleza), mostra um vídeo em que pegou “no flagra” dois rapazes tentando fazer bebê em plena pista de dança - ambos completamente fora de si, óbvio.
 
Os queridinhos do Rio -  como se nunca tivessem dado um rolê nos banheiros da vida - dão risadas, acham o máximo e pedem que encaminhem o malfeito por WhatsApp, que vai parar no celular da barraca ao lado, que chega ao Arpoador, que volta até o Coqueirão, respinga em Mykonos, rebate na Avenida Paulista e termina na timeline do Facebook fazendo o dia das pessoas mais infelizes da Terra valerem a pena porque, acreditem, muita gente só se sente maior tentando diminuir o próximo. Até que um dia chega a vez deles, o famoso bate e volta que o próprio universo se encarrega de ajeitar. Daí é glup glup: a fofoqueira da praia se afoga nas próprias palavras.
 
**********
 
O que há de errado com os garotos de Ipanema? Em que momento um lugar tão democrático virou palco de guerra?
 
Esses exemplos de comportamento primitivo vêm de uma estrutura familiar falida da nossa geração. Crianças mimadas que cresceram adestradas por elogios em excesso, ouvindo o tempo todo que eram especiais e recebendo estrelinhas na testa quando faziam coisas que não passavam da própria obrigação. Jovens que tiveram tudo de mão beijada (o que não significa que tinham dinheiro), e tornaram-se adultos narcisistas, sem foco, sem planos de vida a longo prazo; pessoas amargas prontas para atacar o vizinho que tem a grama mais verde, a barriga mais sarada, o namorado mais bonito -  porque não aprenderam a perder, não vivenciaram o fato de que também há felicidade para os que chegam em segundo lugar.
 
Hoje, o garoto de Ipanema quer apenas causar impacto. Está na praia se sentindo especial, a majestade, anda pelo calçadão com o nariz empinado e olha as pessoas ao seu redor de cima pra baixo. Trata tudo e todos como meros figurantes, como parte de um cenário onde ele é o personagem principal. A questão é que todos pensam e agem da mesma forma. E o que acontece? Guerra de egos, falta de empatia e um falatório sem sentido que agrega zero valores à nossa vida.
 
Pouco importa o que o outro faz, ou deixa de fazer. O que não falta nesse mundo é gente desinteressante se comportando como DIVA (Departamento de Investigação da Vida Alheia). Gente que fica de prontidão esperando o nosso primeiro deslize para propagar a mágoa e o ódio que existe dentro de si. Fofocam aleatoriamente para compensar o fracasso, a falta de novidade, para esconderem o monstro que são através de palavras indigestas, roupas de grife, ou de corpos transformados pelos venenos da moda.
 
A Ipanema de antes era um refúgio para o mundo cruel das pessoas que se sentiam sufocadas por serem gays; era um paraíso com um pôr do sol sem filtro, rolava pegação sim, mas também rolavam casamentos, firmavam-se amizades verdadeiras; biscoito Globo não engordava e se engordasse ninguém morria por isso, dava para ter uma barriguinha sem se sentir um alienígena. E nas areias, menos estupidez e mais alegria.
Não dá para voltar no tempo, mas dá pra ser uma pessoa melhor!
 
Bruno de Abreu Rangel